Peças plastinadas revelam a Mata Atlântica em exposição no Museu Mello Leitão

Desde a terça-feira, 5 de agosto, o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) abre ao público a exposição “Moradores da Floresta”, que apresenta mais de 100 peças plastinadas — uma técnica moderna e ainda pouco conhecida no Brasil que permite a preservação realista de tecidos e órgãos biológicos. O acervo, proveniente do Museu de Ciências da Vida da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), foi preparado no Labplast, o maior laboratório de plastinação do país. 

A exposição é uma parceria entre o INMA e a UFES e pode ser visitada no Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, em Santa Teresa/ES, até 5 de outubro. O acervo é formado, principalmente, por animais silvestres da Mata Atlântica que morreram atropelados no trecho da BR 101 que cruza a Reserva Biológica de Sooretama, no norte do Espírito Santo, ou vítimas de caça e doenças como a febre amarela. São anfíbios, répteis, primatas, felinos, aves, marsupiais, entre outros, parte deles ameaçada de extinção. 

Diferente da taxidermia, que preserva apenas a pele dos animais e usa materiais diversos para preencher a parte interna, a plastinação preserva os órgãos e tecidos, o que permite um conhecimento mais completo da anatomia de cada espécie. A técnica, criada na Alemanha há cerca de 40 anos, substitui a água corporal por um tipo especial de plástico, tornando as peças resistentes, duráveis e ideais para fins educativos e científicos. 

Coordenador do Museu Ciências da Vida e curador da exposição, o professor Athelson Bittencourt, do Departamento de Morfologia da UFES, destaca as vantagens da técnica: “A plastinação preserva integralmente o tecido biológico. O material plastinado preserva a sua característica anatômica por tempo indefinido, não é vulnerável a ação do tempo, da umidade ou de insetos, como acontece na taxidermia. 

Além disso, os exemplares plastinados são resistentes ao manuseio e podem ser transportados e utilizados em diversos fins educativos e museológicos”.

A exposição oferece uma experiência interativa ao permitir o toque em algumas peças, ampliando a acessibilidade, especialmente para pessoas com deficiência visual.

“Moradores da Floresta” propõe uma reflexão sobre a conservação da biodiversidade brasileira e o papel da ciência na educação ambiental. A exposição “Moradores da Floresta” pode ser visitada até o dia 5 de outubro, de terça-feira a domingo, das 8h às 17h, no Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, em Santa Teresa (ES).

Formação de estudantes e professores

Estudantes de ensino médio e superior participam da atividade como mediadores. Para isso, receberam formação da equipe do Museu de Ciências da Vida, no dia 1 de agosto. No dia seguinte, a equipe promoveu uma capacitação para professores.

 “Com essa formação, estou tendo a experiência de conhecer os animais da região. Eu achei bem bacana poder possibilitar isso para a escola, para os alunos, já que ela se adapta a uma diversidade de disciplinas”, avalia Rosa Arlene de Souza, professora de educação infantil e de ensino superior.

“Cheguei aqui curioso para saber sobre essa técnica, a plastinação, como isso funciona dentro de um museu, como uma exposição, e estou saindo daqui com outras ideias para poder trazer os meus alunos e para a minha própria prática como professor”, comenta Marcos Leão, professor do ensino fundamental da Escola Professor Ethevaldo Damazio.

“Eu acho que foi um momento muito proveitoso, um momento de conhecimento muito engrandecedor. É uma oportunidade para as escolas trazerem os alunos e levar esse conhecimento para o chão da escola. O importante disso tudo é levar a criança, o adolescente ao pensamento crítico”, ressalta a pedagoga Sirlei Guss Matiello, da Secretaria Municipal de Educação de Santa Teresa. 

“Não adianta a gente desenvolver um conhecimento e guardar ele dentro de uma caixinha. Fazer a formação de professores potencializa esse conhecimento. Quando os professores se apropriam desse conteúdo, eles se empoderam, eles vão para sala de aula com uma novidade fantástica para falar. Donos desse conteúdo, eles vão planejar a sua visita pedagógica, falar com o seu colega, planejar atividades para os alunos, então essa visita ganhou uma potência. Essa visita do aluno se torna uma visita muito mais especial e isso nos ajuda a atingir o nosso objetivo”, finaliza o professor Athelson. 

SERVIÇO

Exposição “Moradores da Floresta”

Visitação: Terça-feira a domingo, de 8 às 17 horas

Período: 5 de agosto a 5 de outubro

Local: Museu de Biologia Prof. Mello Leitão

Av. José Ruschi, 4 – Centro, Santa Teresa/ES

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