
As fontes renováveis de energia se consolidaram, em 2024, como a alternativa mais econômica em relação aos combustíveis fósseis. A constatação vem do mais recente relatório da Agência Internacional para Energias Renováveis (Irena). De acordo com o estudo, 91% dos novos projetos comissionados no ano passado custaram menos do que qualquer nova instalação baseada em energia fóssil, reforçando o argumento econômico a favor da transição energética.
O levantamento, que analisa dados globais de 2024, destaca que inovações tecnológicas, cadeias de suprimentos mais eficientes e economias de escala são fatores determinantes para esse avanço. Além do custo, as energias renováveis trazem benefícios adicionais, como a redução da dependência de combustíveis importados e o fortalecimento da segurança energética.
“As renováveis já quase igualam os combustíveis fósseis em capacidade instalada global. E isso é só o começo. Em 2024, toda a nova capacidade energética instalada no mundo veio de fontes renováveis. O futuro da energia limpa não é mais uma promessa, é um fato”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante o lançamento do relatório.
O presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, também esteve presente no evento e destacou a relevância do documento. Para ele, o estudo demonstra que enfrentar as mudanças climáticas é, além de necessário, uma oportunidade concreta de geração de empregos e melhoria da qualidade de vida. “Existem soluções, e esse relatório prepara nossas discussões na COP30 como poucas coisas poderiam ser mais úteis”, afirmou.
Outro estudo, apresentado em abril na Alemanha, já havia antecipado parte dessas conclusões. Segundo a pesquisa, investir em energia limpa e eficiência energética pode não apenas evitar perdas econômicas, mas também aumentar o PIB global em até 13% até 2100, a partir do cumprimento de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) mais ambiciosas.
Brasil entre os líderes globais
O Brasil aparece em 4º lugar no ranking global de adições de capacidade renovável em 2024, atrás apenas de China, Estados Unidos e União Europeia. No cenário nacional, a energia hidrelétrica segue predominante, responsável por mais da metade da eletricidade gerada. No entanto, a energia solar e a eólica têm crescido de forma acelerada.
O país também se destaca pelo custo competitivo. A energia eólica onshore brasileira atingiu um dos menores Custos Nivelados de Energia (LCOE, na sigla em inglês) do mundo, com US$ 30/MWh — valor semelhante ao da China. Já a solar fotovoltaica alcançou LCOE de US$ 48/MWh, confirmando sua viabilidade frente aos combustíveis fósseis.
Globalmente, os dados também impressionam: a energia solar fotovoltaica foi, em média, 41% mais barata do que a alternativa fóssil mais barata, enquanto os projetos eólicos onshore apresentaram preços 53% inferiores.
Ambiente estável e políticas claras são fundamentais
O relatório da Irena aponta que marcos regulatórios estáveis, ambientes políticos previsíveis e instrumentos como contratos de compra de energia (PPAs) são essenciais para atrair investimentos e ampliar a presença das renováveis, tanto em mercados consolidados quanto emergentes.
Outro destaque é o potencial das regiões do Sul Global — incluindo América do Sul, África e Ásia — para liderar a nova fase da transição energética, graças às taxas mais rápidas de aprendizado tecnológico e potencial de redução de custos. No entanto, o estudo alerta que desafios geopolíticos, como barreiras comerciais, gargalos na cadeia de suprimentos e instabilidade nas políticas multilaterais, ainda podem afetar temporariamente a competitividade do setor.
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