Desastre em Mariana: os desafios e ações em curso na Bacia do Rio Doce

Para sanar os problemas, o novo acordo judicial para reparação integral do desastre, firmado em 2024, estabelece medidas e compromissos

Mariana Rio Doce
© Antonio Cruz/ Agência Brasil/arquivo -

Nove anos após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), o maior desastre ambiental da história do Brasil, as ações de reparação na Bacia do Rio Doce ganham novo impulso com a coordenação do Novo Acordo do Rio Doce. Técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) iniciaram uma série de vistorias detalhadas nas áreas impactadas, revelando os persistentes problemas ambientais e fiscalizando o andamento das medidas de recuperação.

Durante uma recente jornada pela bacia, a equipe do Ibama identificou problemas críticos que ainda assolam o ecossistema. No Rio Gualaxo do Norte, um dos mais afetados, constataram a destruição de quase 100 quilômetros de mata ciliar e um acúmulo significativo de sedimentos nas margens. Outro ponto de atenção é o reservatório da Usina Hidrelétrica de Risoleta Neves (Candonga), que retém mais de nove milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, com potencial de contaminar o restante da bacia. Além disso, iniciou-se a avaliação da contaminação do solo, subsolo e sedimentos por metais pesados, que podem prejudicar a fauna aquática e a saúde das comunidades ribeirinhas.

Para sanar esses problemas, o novo acordo judicial para reparação integral e definitiva do desastre, firmado em 2024, estabelece medidas e compromissos claros. As empresas Samarco, Vale e BHP Billiton são obrigadas a implementar um Plano de Recuperação Ambiental em 120 dias, com acompanhamento rigoroso do Ibama e auditorias independentes. Entre as ações previstas, destacam-se o reflorestamento de 54 mil hectares, a recuperação de 100 lagoas marginais, o controle de erosões com bioengenharia, o monitoramento da qualidade da água por 15 anos e a retirada gradual dos rejeitos da UHE Risoleta Neves. Os custos dessas iniciativas não possuem teto financeiro, garantindo o investimento necessário para a recuperação.

Além das vistorias e do plano de recuperação, a Caravana Interministerial do Rio Doce, busca dialogar com a população afetada e garantir transparência no processo. O novo acordo prevê um investimento total de R$ 132 bilhões em 20 anos, com foco em projetos socioeconômicos e ambientais, além da criação de um fundo ambiental para impulsionar a bioeconomia e a educação ambiental. Apesar das profundas cicatrizes deixadas pelo desastre, as ações em curso representam um passo importante para a reconstrução e revitalização da Bacia do Rio Doce, visando a um futuro mais sustentável para a região.

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