Afinal, a Inteligência Artificial é benéfica ou prejudicial ao meio ambiente?

IA apoia no monitoramento ambiental, mas seu avanço gera impactos como alto consumo de energia, água e minerais raros, alerta o PNUMA

Jornada Científica
Imagem: Freepik -

Há grandes esperanças de que a Inteligência Artificial (IA) possa apoiar o enfrentamento das maiores emergências ambientais do mundo. A tecnologia já é utilizada para mapear emissões de metano, detectar dragagem ilegal de areia e monitorar ecossistemas, oferecendo ferramentas valiosas na gestão da crise climática.

No entanto, o avanço acelerado da IA também impõe riscos ao planeta, segundo alerta o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A expansão de data centers para sustentar a tecnologia gera grande consumo de energia e água, além de produzir lixo eletrônico e depender da extração de minerais raros, muitas vezes obtidos de forma insustentável.

“Ainda há muito que não sabemos sobre o impacto ambiental da IA, mas alguns dados já são preocupantes. Precisamos garantir que o efeito líquido da tecnologia seja positivo antes de sua implantação em larga escala”, afirmou Golestan (Sally) Radwan, diretor digital do PNUMA.

Entre os principais pontos levantados pelo organismo internacional estão:

  • Consumo de recursos: para fabricar um computador de 2 kg, são necessários 800 kg de matérias-primas. Já os microchips dependem de elementos de terras raras, cuja extração é altamente poluente.
  • Lixo eletrônico: data centers produzem resíduos com metais pesados como chumbo e mercúrio.
  • Uso de água: a infraestrutura de IA poderá consumir, em breve, seis vezes mais água do que a Dinamarca, segundo estimativas.
  • Energia: solicitações em sistemas de IA consomem cerca de dez vezes mais eletricidade que uma busca comum na internet. Na Irlanda, data centers já podem representar 35% da demanda energética até 2026.

Apesar das preocupações, especialistas ressaltam que a IA é um “coringa ambiental”, capaz de contribuir tanto para soluções sustentáveis quanto para novos problemas, a depender do uso. Aplicações como veículos autônomos, por exemplo, poderiam aumentar as emissões se estimularem maior dependência do transporte individual.

O PNUMA recomenda cinco medidas para reduzir a pegada ecológica da tecnologia: padronizar a medição de impactos ambientais, exigir transparência das empresas sobre seus efeitos, aprimorar a eficiência dos algoritmos, investir em data centers sustentáveis e integrar a IA às políticas ambientais nacionais.

Segundo Radwan, governos ainda negligenciam a dimensão ambiental em suas estratégias digitais. “A falta de proteções nesse campo é tão perigosa quanto em outras áreas relacionadas à inteligência artificial”, destacou.

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