Som do apocalipse climático: 30 anos de dados polares viram música; ouça

Pesquisador japonês transformou o impacto das mudanças ambientais em uma composição musical para despertar a conscientização sobre a crise climática

Música foi executada por quarteto de cordas e tem como objetivo a conscientização sobre mudanças climáticas — Foto: Hiroto Nagai/iScience -

Com o objetivo de aumentar a conscientização climática por meio da arte, um pesquisador japonês converteu dados de mudanças climáticas em música. Hiroto Nagai, geoambientalista e professor associado da Universidade Rissho, em Tóquio, usou informações sobre radiação solar, temperatura, precipitação e espessura das nuvens nas regiões Ártica e Antártica para criar a composição.

A peça de 6 minutos foi apresentada por um quarteto de cordas em fevereiro de 2023 e publicada no YouTube dois meses depois. Em maio de 2024, Nagai compartilhou sua experiência em um estudo na revista iScience.

Os dados climáticos usados na composição abrangem 30 anos e representam o “orçamento de energia” dos polos, que analisa o equilíbrio entre a energia solar absorvida e refletida. Este equilíbrio está sendo afetado pelo aumento das temperaturas globais.

Som polar: mais que uma música

Para converter a crise climática em música, Nagai utilizou sonificação, um processo que transforma dados em som. Ele segmentou as informações em partes, rotuladas de “A” a “I”, e criou uma partitura inicial, ajustando os arranjos para torná-los mais dinâmicos.

Diferente de outras peças baseadas em dados, que muitas vezes soam monótonas por evitar mudanças estilísticas, Nagai incorporou, então, arranjos livres na obra, intitulada “Polar Energy Budget” (“Orçamento de Energia Polar”).

Nagai acredita que a música, ao contrário dos gráficos científicos, impacta diretamente as emoções do ouvinte. Como ele explica em seu estudo, a música “prende a atenção de forma intensa, enquanto gráficos exigem uma interpretação mais consciente e ativa”.

O cientista vê sua criação como o início de uma nova era, em que dados científicos não são apenas interpretados por pesquisadores, mas também por artistas, ampliando, assim, a comunicação e a conscientização ambiental.

Confira, então, a composição completa disponível no vídeo a seguir:

Fonte: Revista Galileu

Receba as principais notícias sobre sustentabilidade no seu WhatsApp! Basta clicar aqui