Cientistas desenvolvem sistema para engrossar o gelo marinho do Ártico

Primeiros resultados são positivos; técnica perfura gelo e bombeia água das profundezas, que se congela

Blocos de gelo e icebergs na Antártica
Foto: PixaBay -

O aquecimento global tem provocado o encolhimento do gelo marinho no mundo todo. Mas um projeto ambicioso de geoengenharia idealizado pelo Centro de Recuperação Climática da Universidade de Cambridge, do Reino Unido, pode ser a solução para este problema – e os primeiros resultados são positivos no Ártico.

O centro, visando provocar o espessamento das camadas glaciares no Ártico, desenvolveu um sistema que perfura o gelo até o oceano abaixo e bombeia água para a neve acima. Com isso, a ideia é que água preencha bolsas de ar na neve e congele, transformando-se gradualmente em gelo. O primeiro experimento in loco, liderado pela startup britânica Real Ice, foi realizado no começo do ano no Ártico canadense, e resultou em 25 centímetros de crescimento natural de gelo.

“Nosso objetivo é demonstrar que o espessamento do gelo pode ser eficaz na preservação e restauração do gelo marinho do Ártico”, disse Andrea Ceccolini, co-CEO da Real Ice, à revista científica New Scientist.

Shaun Fitzgerald, diretor do Centro de Recuperação Climática da Universidade de Cambridge, acrescentou: “Os resultados confirmam que, na verdade, sim, você obtém essa taxa adicional de crescimento de novo gelo marinho a partir da parte inferior”.

Ártico chega à menor área do ano, diz Nasa

O Nasa, agência espacial americana, e o National Snow and Ice Data Center (NSIDC) divulgaram esta semana que o gelo no Ártico recuou para níveis quase históricos no último verão no Hemisfério Norte. No dia 11 de setembro, provavelmente atingiu sua extensão mínima anual, de 4,28 milhões de quilômetros quadrados, afirmaram os pesquisadores.

O mínimo deste ano é o sétimo mais baixo no registro de satélite de quase 46 anos, e está 890 mil quilômetros quadrados acima da extensão mínima recorde anterior, de 3,39 milhões de quilômetros quadrados, que ocorreu em 17 de setembro de 2012. Contudo, a medida atual está 1,94 milhão de quilômetros quadrados abaixo da extensão mínima média de 1981 a 2010, de 6,22 milhões de quilômetros quadrados.

A tendência geral de queda na extensão mínima de 1979 a 2024 é de 12,4% por década em relação à média de 1981 a 2010. Da tendência linear, a perda de gelo marinho é de cerca de 77 mil quilômetros quadrados por ano, o equivalente a perder o estado de Dakota do Sul ou o país da Áustria anualmente.

O gelo marinho no Ártico não está apenas diminuindo. Também está ficando mais jovem. “Hoje, a esmagadora maioria do gelo no Oceano Ártico é gelo mais fino, de primeiro ano, que é menos capaz de sobreviver aos meses mais quentes. Há muito, muito menos gelo com três anos ou mais agora”, disse Nathan Kurtz, chefe do Laboratório de Ciências Criosféricas da NASA, em comunicado.

Medições da espessura do gelo coletadas com altímetros espaciais, incluindo os satélites ICESat e ICESat-2 da agência espacial dos Estados Unidos, descobriram que muito do gelo mais antigo e espesso já foi perdido. Uma pesquisa do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA no sul da Califórnia mostra que no Ártico central, longe das costas, o gelo marinho de outono agora paira em torno de 1,3 metros de espessura, abaixo do pico de 2,7 metros em 1980.

Fonte: Um Só Planeta

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