Novas evidências reunidas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), braço da Organização das Nações Unidas (ONU), revelam que a camada de ozônio está no caminho certo para uma recuperação completa. A informação aparece no Boletim Anual de Ozônio e UV, referente a 2023, publicado na última segunda-feira (16), data que coincide com a celebração do Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio.
Desde 1987, quando foi assinado o Protocolo de Montreal, os países têm se mobilizado de forma a combater suas emissões de gases de efeito estufa prejudiciais à camada de ozônio, tais como os clorofluorcarbonetos (CFCs). A missão, então, foi reiterada em 2016 com o Acordo de Kigali, que também proibiu os hidrofluorcarbonetos (HFCs).
Além de impedir que essas substâncias destruam a camada de ozônio, as medidas implementadas nos últimos anos também têm ajudado na mitigação do aquecimento global. Assim, adicionalmente à manutenção climática, as ações estimulam a preservação da fauna e da flora.
Camada em recuperação
Nesse processo, se não houver retrocessos e as políticas atuais forem mantidas, a agência meteorológica prevê que os níveis de ozônio da atmosfera devem voltar à concentração de 1980 (período anterior ao aparecimento de qualquer buraco na camada de ozônio) por volta de 2066 sobre a Antártida.
No Polo Sul, historicamente foram registrados os buracos maiores. O ozônio, inclusive, desapareceu por completo em algumas regiões na década de 1990. Esses dados são do Programa Estadual de Prevenção à Destruição da Camada de Ozônio (PROZONESP).
Da mesma forma, o levantamento anual também sugere que a recuperação total da camada poderá acontecer até 2045 no Ártico. Outras partes do globo, sobretudo aquelas mais distantes dos polos, poderão ver a sua camada de ozônio completa novamente já a partir de 2040.
“A camada de ozônio, outrora um paciente doente, está a caminho da recuperação”, afirma António Guterres, secretário-geral da ONU, em comunicado. “Em um momento em que o multilateralismo está sob forte pressão, o Protocolo de Montreal para ajudar a proteger a camada de ozônio se destaca como um poderoso símbolo de esperança”.
Novos desafios
Os valores totais de ozônio em 2023 estavam dentro da faixa observada em anos anteriores e em linha com as expectativas dos cientistas. Isso acontece muito em razão do declínio do cloro e do bromo na atmosfera, sendo essas substâncias químicas que destroem a camada de ozônio.
Em particular, o buraco na camada de ozônio da Antártida, o maior existente, teve o seu ano marcado por um início precoce no final de agosto. Além disso, houve uma persistência do cenário até dezembro, reflexos de uma erupção vulcânica em Tonga. No geral, isso não desafia a recuperação prevista, mas destaca o impacto que eventos atmosféricos relativamente raros podem ter nos buracos.
“Agora, é hora de ir mais longe. O Acordo de Kigali pode contribuir para o avanço dos esforços de mitigação climática, protegendo as pessoas e o planeta. E isso é mais necessário do que nunca, pois os recordes de temperatura continuam a serem quebrados”, alerta Guterres. “Se totalmente ratificada e implementada, a emenda pode ajudar a evitar um aumento de 0,5°C de aquecimento global até o final deste século”.
Fonte: Um Só Planeta
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