Em resposta à crise climática e ao calor extremo que dela emerge, o escritório indiano Ant Studio (@studio.ant) aposta em materiais vernaculares -“colmeia”- e em sistemas passivos para gerar conforto térmico sem a necessidade de ar-condicionados, que consomem energia e contribuem para o aquecimento global.
Estamos falando da Beehive (ou “colmeia”, em português), uma solução acessível, amigável ao meio ambiente e simples. Trata-se de um sistema de potes de barro empilhados, sobre os quais se joga água. Quando o ar passa pelos vasos, sai deles naturalmente mais fresco.
A tecnologia pode ser instalada em locais públicos para benefício geral da população, tornando-se também elementos de arte agradáveis aos olhos. Entramos em contato com o Ant Studio para entender mais sobre o design, confira!
O que é a Beehive?
Beehive é um design desenvolvido pelo Ant Studio, que consiste em potes de barro empilhados como uma colmeia – daí o nome. Embebidos em água, esses potes permitem que a temperatura seja reduzida quando o ar passa por eles.
Para maximizar o efeito de resfriamento, o estúdio usa cones cilíndricos. Em um teste, registrou-se que após o funcionamento da Beehive, a temperatura ao redor do sistema caiu de 50 para 36 °C.
O sistema consiste na combinação do resfriamento evaporativo e da ventilação natural, que é intensificado pela formação de biofilmes no barro. Ele pode ser aplicado na fachada das casas, por exemplo, ou em fábricas onde há muita geração de calor.
A ideia é unir tecnologia, arte e design para reduzir as temperaturas enquanto se dispensa o uso do ar-condicionado – que, em lugares como a Índia, não são acessíveis a todos.
Basicamente, o sistema é composto por uma moldura escalável, uma rede de suporte, os potes e a água. Plantas trepadeiras e musgo também podem ser adicionados.
A água usada na estrutura pode ser bombeada e recirculada a partir de um motor, mas é possível convertê-lo em um protótipo zero-energia caso o despejo seja feito manualmente uma ou duas vezes por dia. Embora não seja a solução ideal, a estratégia pode ser aplicada em áreas onde há escassez energética.
“Colmeias” da sustentabilidade
Um de seus benefícios é se tratar de uma solução vernacular, já que o barro é tradicionalmente usado na Índia para resfriar a água – e, no caso do Ant Studio, pretende-se estimular a prática da cerâmica e o artesanato local, gerando oportunidades de emprego e preservando o patrimônio cultural indiano.
A lógica é se apropriar de técnicas de resfriamento há muito conhecidas e empregá-las em um design contemporâneo e sustentável. Assim, isso intervém nos desafios ambientais dos tempos modernos.
Assim, há quem olhe a colmeia de barros e veja arte. Mas, devido à repetição de padrões circulares, quem sofre de tripofobia (aversão a padrões irregulares ou agrupamento de pequenos buracos ou saliências) pode sentir desconforto ao encarar o sistema do Ant Studio.
Como solução, o escritório propõe explorar disposições alternativas que forneçam a mesma eficiência de resfriamento sem que causem qualquer incômodo visual.
Reconhecimento
A Beehive venceu o Asia Pacific Low Carbon Lifestyle Challenge, um prêmio de US$ 10 mil (aproximadamente R$ 55 mil) do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente que destaca o potencial do sistema para revolucionar soluções de resfriamento globalmente.
O escritório já instalou com sucesso o projeto em 20 locais diferentes, desde fábricas a novas construções.
Escala individual
Dessa forma, a ideia por trás da Beehive também pode ser aplicada em sistemas de resfriamento pessoal. Para resfriar áreas menores, o Ant Studio projetou o ETHER – que, ao invés de arrefecer ambientes inteiros, pode focar em reduzir a temperatura em volta de cada indivíduo, reduzindo o consumo de energia.
Fonte: Yara Guerra / Casa e Jardim
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