O Instituto Internacional para o Ambiente e o Desenvolvimento (IIED, na sigla em inglês) calculou que as trocas (swaps) de dívida por natureza poderiam fornecer mais de US$ 100 bilhões (aproximadamente R$ 518,1 bilhões) para a luta contra o aquecimento global com ações climáticas. Esse mecanismo de conversão de dívidas acontece quando um credor (governo, organismo multilateral ou empresa privada) cancela ou reduz o valor devido por um país quando este se comprometa a proteger florestas tropicais, ecossistemas marinhos ou outros biomas.
A organização destaca que essa é uma ferramenta importante, mas subutilizada, para resolver três grandes problemas que as nações menos ricas enfrentam: a dívida paralisante, os impactos da crise do clima e a perda de biodiversidade. Diante deste cenário, o IIED está apelando às instituições financeiras internacionais e ao G20 para que promovam as conversões nas nações que correm maior risco por conta das mudanças climáticas.
“Muitos dos países mais ameaçados pelo aumento das temperaturas têm enormes encargos com dívidas e estão sempre pagando juros às nações mais ricas que contribuíram muito mais para a crise climática”, disse Laura Kelly, diretora do grupo de pesquisa de mercados sustentáveis do IIED, em comunicado. “O dinheiro que poderia ajudar a restaurar ecossistemas danificados e proteger comunidades vulneráveis contra inundações ou secas está, em vez disso, fluindo para bancos e poluidores no mundo rico.”
Investimentos em ações climáticas
A análise do IIED foca nos 49 países com maior risco de descumprirem suas dívidas externas, para os quais foram encontrados dados. De acordo com os números do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial relativos aos stocks da dívida externa pública de 2022. Os mais recentes disponíveis – eles devem coletivamente US$ 431 bilhões (R$ 2,2 trilhões).
Utilizando uma metodologia derivada de esquemas anteriores de redução da dívida, a organização estimou que US$ 103,4 bilhões (R$ 535,8 bilhões) poderiam ser libertados para swaps.
Desse total de nações, 29 fazem parte das economias menos desenvolvidas. Pelo levantamento, as trocas de dívida por clima e natureza poderiam liberar US$ 33,7 bilhões (R$ 174,6 bilhões) para eles.
Kelly disse à Reuters que Paquistão, Sri Lanka e Gâmbia poderiam se beneficiar com essas trocas. Outro candidato seria Gana, cujo cacau, principal componente do chocolate, prosperaria se as florestas tropicais locais fossem conservadas.
“Para os governos [que realizam trocas de dívidas], cria algum espaço fiscal, mas também ajuda a alcançar resultados em termos de clima e natureza que tenham impacto global”, completou Kelly, acrescentando que muitos países estavam potencialmente interessados no instrumento.
Fonte: Um Só Planeta
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