Nesta semana, foi registrado marco urgente na história da humanidade: os três dias mais quentes de todos os tempos. No domingo, 21, a temperatura média global do ar na superfície atingiu 17,09ºC, quebrando o recorde anterior de 17,08ºC, estabelecido em 6 de julho de 2023. No dia seguinte, 22, essa marcação foi superada, chegando a 17,15 °C. E, na terça-feira, 23, ficou praticamente no mesmo patamar. Os dados são do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia.
Esses novos recordes se dão em um momento em que ondas de calor atingem muitas partes do hemisfério norte, sobretudo Estados Unidos, Rússia, Canadá, China e vários países da Europa, como Portugal, Espanha e Grécia.
Em resposta ao rápido aumento na escala, intensidade, frequência e duração dessas ondas de calor extremo, António Guterres, secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) apelou a um esforço urgente e concertado para reforçar a cooperação internacional para enfrentar o calor extremo.
“A Terra está se tornando mais quente e mais perigosa para todos, em todos os lugares”, destacou ele. “Bilhões de pessoas estão enfrentando uma epidemia de calor extremo — definhando sob ondas de calor cada vez mais mortais, com temperaturas chegando a 50ºC ao redor do mundo. Isso é 122 graus Fahrenheit. E na metade do caminho para a fervura.”
Guterres acrescentou que as altas temperaturas têm cada vez mais afetado economias, aumentado as desigualdades, prejudicado os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e matado pessoas.
“Sabemos o que está causando isso: mudanças climáticas induzidas pelo homem e alimentadas por combustíveis fósseis. E sabemos que vai piorar”, enfatizou. “Calor extremo é o novo anormal. Mas a boa notícia é que podemos salvar vidas e limitar seu impacto.”
Apelo urgente
Para isso, a ONU lançando um chamado global à ação com quatro áreas de foco: cuidar dos vulneráveis, proteger os trabalhadores, aumentar a resiliência das economias e sociedades usando dados e ciência e limitar o aumento da temperatura a 1,5°C por meio da eliminação gradual dos combustíveis fósseis e do aumento do investimento em energia renovável.
Na primeira, a entidade pede mais acesso ao resfriamento de baixo carbono, expansão do resfriamento passivo – como soluções naturais e design urbano – e mais eficiência para as tecnologias de resfriamento.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estima que, juntas, essas medidas poderiam proteger 3,5 bilhões de pessoas até 2050, reduzindo emissões e economizando US$ 1 trilhão (aproximadamente R$ 5,6 trilhões) por ano para os consumidores.
A ONU determina ainda que é essencial aumentar a proteção dos mais vulneráveis, em linha com a iniciativa Sistemas de Alerta Precoce para Todos, e fornecer financiamento para ajudar a proteger as comunidades.
Em se tratando da proteção dos trabalhadores, um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho mostra que mais de 70% da força de trabalho global – 2,4 bilhões de pessoas – correm alto risco de calor extremo.
Sendo assim, Guterres observou que é preciso medidas para proteger os trabalhadores, baseadas nos direitos humanos, e garantir que as leis e regulamentações reflitam a realidade do calor extremo atual, e sejam aplicadas.
Situação global
No terceiro aspecto, ele acrescentou que países, cidades e setores necessitam de Planos de Ação contra o Calor abrangentes e personalizados, baseados na melhor ciência e dados, bem como um esforço conjunto para proteger as economias, os setores críticos e o ambiente construído.
Na quarta e última área, ressaltou a necessidade de eliminar o uso de combustíveis fósseis. “Líderes em todos os níveis precisam acordar e se mobilizar. Os países devem eliminar gradualmente os combustíveis fósseis – de forma rápida e justa. Eles devem encerrar novos projetos de carvão. O G20 deve transferir subsídios aos combustíveis fósseis para energias renováveis e apoiar países e comunidades vulneráveis”, elencou.
Ele indicou ainda que as nações devem entregar até o ano que vem contribuições nacionalmente determinadas alinhadas para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius.
“Os planos nacionais de ação climática devem mostrar como cada país contribuirá para as metas globais acordadas na COP28 de triplicar a capacidade mundial de energias renováveis e acabar com o desmatamento – até 2030. Eles também devem reduzir o consumo e a produção global de combustíveis fósseis em 30% no mesmo período. E precisamos de planos de transição semelhantes alinhados ao 1.5 por parte das empresas, do setor financeiro, das cidades e das regiões”, complementou.
Previsão para o futuro
Por fim, Guterres afirmou que a ação climática também requer ação financeira. Isso inclui países se unindo para um resultado financeiro forte da COP29, progresso em fontes inovadoras de financiamento, aumento drástico da capacidade de empréstimo de bancos multilaterais de desenvolvimento para ajudar países em desenvolvimento a enfrentar a crise climática e países mais ricos cumprindo todos os seus compromissos de financiamento climático.
“A mensagem é clara: a situação está esquentando. O calor extremo está causando um impacto extremo nas pessoas e no planeta. O mundo precisa enfrentar urgente o desafio do aumento das temperaturas”, finalizou.
Fonte: Um Só Planeta
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