
“Escolhemos representantes da ponta. Há especialistas, gestores públicos, empresários e comunidades. Não foram apenas as pessoas do escritório, mas pessoas que vivenciam as questões diariamente”.
As palavras são da diretora técnica do Instituto Sustentabilidade Brasil (ISB) e curadora do Relatório Técnico Integrado – Diálogos e Contribuições da Conferência Sustentabilidade Brasil 2025. O documento sintetiza as propostas e recomendações construídas a partir de mais de 100 horas de debates durante a Conferência Sustentabilidade Brasil, em junho deste ano, no Espírito Santo.
Mais do que um compilado técnico, o relatório funciona como um manual prático para mitigar os efeitos da crise climática. Nele, convergem saberes de povos tradicionais, juventude, gestores públicos, empresários, cientistas e comunidades locais, em um esforço coletivo para propor soluções práticas e aplicáveis aos desafios climáticos e de desenvolvimento do país.
“Garantir a diversidade de vozes foi o ponto central”
Para Daniela Klein, o documento nasceu da própria essência da conferência: o diálogo plural. “A ideia do relatório nasceu junto com a Conferência Nacional Sustentabilidade Brasil, realizada em junho deste ano. Vem no encontro da necessidade de conectar a ambição à prática. As soluções apresentadas não são teóricas, são perfeitamente aplicáveis no dia a dia”, explica.
Segundo Daniela, o processo de construção foi pautado pela participação de quem realmente vive os desafios do território. Essa representatividade se reflete na composição do documento, que conta com 50% de mulheres entre seus autores e, além disso, abrange territórios historicamente marginalizados das discussões sobre clima e desenvolvimento.
“Garantir a diversidade de vozes foi o ponto central. O relatório traz povos tradicionais, juventude, mulheres, territórios que ficaram, historicamente, às margens das discussões sobre o clima e o desenvolvimento”, afirma Daniela.
Soluções mais justas, realistas e aplicáveis
A diretora técnica do ISB reforça que misturar diferentes pontos de vista no debate muda a solução e, portanto, a torna mais próxima da realidade. “Dessa forma, com diferentes olhares sobre o mesmo tema, as soluções são mais justas e, como resultado, mais realistas e mais adaptáveis às condições de quem está ali, com o pé no chão”, observa.
Para ela, o relatório não se limita a apontar caminhos, mas propõe formas de execução coerentes e participativas, que respeitam os saberes locais e buscam integrar políticas públicas, setor privado e sociedade civil.
“São soluções aplicáveis, mas desde que preservemos essa coerência de aplicar de forma participativa. Precisamos respeitar os saberes locais e de articular políticas públicas com o setor privado e a sociedade civil”, complementa.
Relatório Sustentabilidade Brasil
Daniela resume o relatório como uma extensão natural da conferência e um convite à continuidade do diálogo. “Assim como a conferência foi pensada dessa forma, o relatório traz essa essência. A realização de tudo o que está no relatório tem que carregar a diversidade, inclusão e respeito a todas as vozes”, conclui.
Assim, o Relatório Sustentabilidade Brasil consolida-se como uma base técnica e social para a construção de políticas climáticas mais humanas, integradas e transformadoras. Além disso, está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e à preparação do Brasil para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA).

Receba as principais notícias sobre sustentabilidade no seu WhatsApp! Basta clicar aqui