Curitiba é a capital brasileira com a melhor qualidade ambiental, segundo o Índice de Progresso Social – Brasil (IPS-Brasil), pesquisa que determina a qualidade de vida nos municípios. O IPS Meio Ambiente se concentrou em cinco indicadores.
Entre os parâmetros, estão a proporção de áreas verdes no perímetro urbano, as emissões de carbono por habitante ao ano, a perda de vegetação (por desmate ou supressão de vegetação secundária), focos de calor ou queimadas e a vulnerabilidade climática local.
No último ano, o Brasil viu os efeitos graves dos eventos climáticos extremos, como a tempestade que destruiu quase todo o Rio Grande do Sul e a escalada de seca e queimadas pelo País nas últimas semanas. Especialistas apontam que os centros urbanos precisam se preparar para essas mudanças, de forma a evitar problemas de saúde, mortes e prejuízos com a piora do aquecimento global.
O IPS Brasil é uma colaboração entre o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Fundação Avina, Centro de Empreendedorismo da Amazônia, iniciativa Amazônia 2030, Anattá – Pesquisa e Desenvolvimento, e o Social Progress Imperative.
Topo do ranking das capitais
A metodologia foi desenvolvida por pesquisadores de Harvard e MIT, nos Estados Unidos, e são usados ,principalmente, dados de bases oficiais.
Curitiba ficou no topo com nota de 78,31 (a escala varia de zero a cem), seguida de Brasília (74,91) e Cuiabá (74,5).
A cidade paranaense lidera por ter a menor presença de queimadas/focos de calor (zero por mil habitantes) dentre todas as capitais. Além disso, 12% da cidade é composta de áreas verdes (como parques e praças arborizadas). Curitiba também registrou um dos menores índices de vulnerabilidade climática: menor risco de evento extremo, como secas e inundações.
“Curitiba não foi surpresa. É uma cidade com muitos parques, áreas verdes, que soube proteger bem seus mananciais, e onde há pouquíssimas queimadas e baixa emissão de carbono per capita. Brasília também tem muitas áreas verdes, parque nacional e floresta. Foi desenhada dessa forma”, diz Beto Veríssimo, autor do estudo.
Diferenciais
Outro destaque é a baixa emissão de carbono (principal gás do efeito estufa) per capita. A emissão de CO2 por pessoa em Curitiba ao ano é de apenas 1,6 toneladas.
Para se ter ideia, em Porto Velho, última colocada da lista, as emissões são 27 vezes maiores, chegando a 44 toneladas por ano por habitante. O índice de poluição da capital de Rondônia é alavancado pelas queimadas na região.
No 1º semestre deste ano, a Amazônia bateu recorde de focos de fogo, o que expôs as falhas do poder público na prevenção a incêndios. “Quando o fogo pega na Amazônia, já perdemos a luta. Governo focou no combate e pouco na prevenção”, disse ao Estadão a bióloga Erika Berenguer, pesquisadora da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
O governo federal reconhece dificuldades de lidar com o problema, mas disse que aumentou o número de brigadistas e liberou crédito extra para as ações antifogo.
Brasília ganhou destaque por ter quase 10% de sua mancha urbana coberta por áreas verdes. As emissões de carbono por pessoa por ano são de 2,3 toneladas. Outro destaque de Brasília foi uma nota relativamente alta no índice de vulnerabilidade (a quinta melhor) em comparação a outras capitais.
Nos últimos dias, porém, a capital federal tem enfrentado um espalhamento de fogo e fumaça no Parque Nacional.
Vulnerabilidade climática
São Paulo aparece em 18º. A cidade tem apenas 6,3% de áreas verdes, conforme o parâmetro adotado, pelo estudo, e o índice de vulnerabilidade climática muito alto, por se tratar de uma cidade propensa a enchentes e extremos climáticos.
A Prefeitura, porém, contesta a metodologia do estudo. Pelos cálculos do Município, a cidade tem 54% de áreas verdes. O dado, afirma, é do último levantamento consolidado pela Prefeitura a partir de análise de imagens de satélite da Constelação Planet, por meio do Índice de Vegetação de Diferença Normalizada (Normalized Difference Vegetation – NDVI), disponíveis no Google Earth Engine (GEE).
Fonte: Estadão
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