“Planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos”, diz Lula na ONU

Em discurso na 79° Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), presidente afirmou que nações estão condenadas à interdependência da mudança climática. Ele também destacou ações do Brasil pela preservação do meio ambiente

Ricardo Stuckert/PR -

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ações contra a crise climática mundial durante discurso na abertura do debate da 79° Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (24/9), em Nova York. O presidente afirmou que esse é um problema a ser tratado por todos e que o governo brasileiro, além de enfrentar o desafio da crise climática, luta contra quem lucra com a degradação ambiental e acordos não cumpridos.

“Estamos condenados à interdependência da mudança climática. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos. Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega”, disse diante de chefe de estado de diversos países.

Lula afirmou que é hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis. “Fizemos a opção pelos biocombustíveis há 50 anos, muito antes que a discussão sobre energias alternativas ganhasse tração”, disse.

Perspectiva de acordos transição energética

Ele ressaltou que o Brasil é hoje um dos países com a matriz energética mais limpa e desponta como celeiro de oportunidades em um mundo revolucionado pela transição energética.

Aos presentes, o presidente brasileiro disse que o negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global e citou desastres naturais que atingem nações como enchentes, queimadas florestais, estiagem e queimadas. “2024 caminha para ser o ano mais quente da história moderna”.

Lula lembrou que o Brasil sediará a COP-30, em 2025, e disse estar convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática.

Confira o trecho do discurso do Presidente Lula sobre meio ambiente:

Em tempos de crescente polarização, expressões como “desglobalização” se tornaram corriqueiras.

Mas é impossível “desplanetizar” nossa vida em comum.

Estamos condenados à interdependência da mudança climática.

O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos.

Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega.

O negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global.

2024 caminha para ser o ano mais quente da história moderna.

Furacões no Caribe, tufões na Ásia, secas e inundações na África e chuvas torrenciais na Europa deixam um rastro de mortes e de destruição.

No sul do Brasil tivemos a maior enchente desde 1941.

A Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos. 

Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto.

Sobre sua gestão

O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania.

Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais.

Além de enfrentar o desafio da crise climática, lutamos contra quem lucra com a degradação ambiental.

Não transigiremos com ilícitos ambientais, com o garimpo ilegal e com o crime organizado.

Reduzimos o desmatamento na Amazônia em 50% no último ano e vamos erradicá-lo até 2030.

Não é mais admissível pensar em soluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que vivem nelas.

Nossa visão de desenvolvimento sustentável está alicerçada no potencial da bioeconomia.

O Brasil sediará a COP-30, em 2025, convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática.

Nossa Contribuição Nacionalmente Determinada (a NDC) será apresentada ainda este ano, em linha com o objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a um grau e meio. 

O Brasil desponta como celeiro de oportunidades neste mundo revolucionado pela transição energética.

Somos hoje um dos países com a matriz energética mais limpa.

90% da nossa eletricidade provêm de fontes renováveis como a biomassa, a hidrelétrica, a solar e a eólica.

Fizemos a opção pelos biocombustíveis há 50 anos, muito antes que a discussão sobre energias alternativas ganhasse tração. 

Estamos na vanguarda em outros nichos importantes como o da produção do hidrogênio verde.

É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis.

Fonte: Agência Gov EBC

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