Mais uma vez o dilema sobre a extração de minerais do fundo dos oceanos veio à tona. A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA) das Nações Unidas promoveu um encontro na Jamaica, neste semestre, a fim de reavaliar e negociar novas propostas de empresas mineradoras de todo o globo. Pressionada pelo mercado mundial de minérios, a ideia era analisar os pedidos e o cenário ambiental e considerar novas regras as quais flexibilizam a atividade mineradora nas áreas submersas.
A reunião do conselho formado por 36 nações da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos negociou o, até então, mais recente plano chamado de “código de mineração”, de acordo com a agência Reuters. Entretanto, os países membros possuem divergência de pensamentos e projetos sobre a discussão em questão. Alguns prezam pelos fatores de riscos ambientais e irreversíveis para o planeta, como a destruição de fauna e flora de diversos ecossistemas marinhos e a modificação de rotas migratórias de espécies entre continentes, por exemplo.
Mais da metade dos países que compõem o comitê pedem pela paralisação provisória da atividade no meio oceânico. Um exemplo dessas nações é o Havaí, o qual é o quarto estado estadunidense a proibir amplamente a extração dos minérios.
“Acredito que ficará muito claro nesta sessão que ainda há um longo caminho a percorrer”, disse Pradeep Singh, especialista em governança oceânica do Instituto Potsdam, na Alemanha.
Preocupação além dos minerais
O especialista disse, ainda, que o Instituto ao qual faz parte está muito preocupado com o risco do novo código ser aprovado às pressas por conta da ampla pressão comercial e não ser avaliado com a devida minuciosidade e cuidado. Assim, são a favor de desacelerar o processo de reestruturação. Dessa forma, destacou, também, que ao passo que há países que têm por objetivo prezar por questões e pautas de riscos ambientais, há muitas outras focadas na clareza dos lucros “a qualquer custo” da atividade exploratória.
“Um número crescente de estados está dizendo não, não permitiremos que isso aconteça”, enfatizou Singh. “Aqueles estados que pedem uma pausa permanecem comprometidos em negociar os regulamentos, então não é como se estivessem dizendo que não querem que a mineração em águas profundas aconteça.”
A nova assembleia será ainda neste mês e reunirá 168 membros da ISA a fim de eleger um secretário-geral do comitê. A brasileira Letícia Carvalho concorrerá com o atual encarregado do posto -Michael Logde.
Além disso, uma parcela dos países pretende convocar uma assembleia para colocar em pauta assuntos específicos a favor da preservação do ecossistema marinho se e quando a mineração for autorizada para começar.
Receba as principais notícias sobre sustentabilidade no seu WhatsApp! Basta clicar aqui