Microplásticos são encontros em testículos e sêmen humanos

Há preocupação se essas partículas podem interferir no processo reprodutivo. Estudos realizados em ratos mostraram que os microplásticos reduziram a contagem de espermatozoides e causaram anormalidades e perturbações hormonais

Foto: wirestock / FreePik -

A poluição por microplástico é um problema crescente no mundo, com preocupações sobre o seu papel na saúde humana. E, agora, há novos elementos a considerar. Três estudos, um realizado na China, um nos Estados Unidos e um na Itália, encontraram essas partículas em testículos e sêmen humanos.

No trabalho chinês, publicado recentemente na revista científica Science of the Total Environment, o que se constatou foi alta presença de microplásticos. Assim, possuindo uma média de 11,60 ± 15,52 partículas/g nos testículos, com predominância de poliestireno (PS). Além disso, detectou-se 0,23 ± 0,45 partículas/mL no sêmen, com predominância de polietileno (PE) e policloreto de vinila (PVC).

Testes em sêmen e testículos

Na pesquisa feita nos Estados Unidos, e cujos resultados foram apresentados na Toxicological Sciences, os investigadores testaram 23 testículos humanos e encontraram poluição por microplástico em todos eles, com concentração de 330 microgramas por grama de tecido. Os testículos analisados foram obtidos em exames post-mortem em 2016, com os homens com idades entre 16 e 88 anos quando morreram. “O impacto sobre a geração mais jovem pode ser mais preocupante agora que há mais plástico do que nunca no ambiente”, disse o professor Xiaozhong Yu, da Universidade do Novo México.

Já no trabalho realizado na Itália foram encontrados microplásticos no sêmen de 6 das 10 amostras de jovens com idade entre 18 e 35 anos. Esses jovens vivem em uma área poluída da região da Campânia.

Preocupação

“É necessária uma intervenção para travar o aumento exponencial dos resíduos plásticos”, observou, então, Luigi Montano, da Universidade de Roma, que liderou a pesquisa, ao The Guardian. “Em particular, há necessidade de medidas para evitar danos permanentes adicionais ao planeta e ao corpo humano. Se a poluição por microplásticos afetar o processo reprodutivo crítico, como evidenciado em particular pelo declínio na qualidade seminal registado nas últimas décadas a nível mundial, poderá revelar-se [ainda pior] para a nossa espécie num futuro não muito distante.”

A preocupação aumenta porque estudos realizados em ratos mostraram que os microplásticos reduziram a contagem de espermatozoides e causaram anormalidades e perturbações hormonais.

Então, recentemente, essas partículas também foram descobertas no sangue humano, na placenta e no leite materno. Assim, o impacto na saúde ainda não é totalmente conhecido, mas já foi demonstrado que causam danos às células humanas em laboratório.

Fonte: Um Só Planeta

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