Em 2022, quase 200 países se comprometeram em apresentar planos para cumprir o acordo de proteção da biodiversidade, ou apenas “Acordo de Kunming-Montreal”, firmado na COP15, a última Conferência de Biodiversidade da ONU, até a COP16, que ocorre em Cali, na Colômbia, entre 21 de outubro e 1º de novembro deste ano.
No entanto, um levantamento divulgado nesta terça (15) pela Carbon Brief aponta que apenas 24 países mais a União Europeia publicaram um planejamento para atingir as metas presentes no acordo, como por exemplo conservar 30% das terras, oceanos e águas do mundo até 2030, reduzir os riscos relacionados com os pesticidas e as perdas de nutrientes no ambiente em pelo menos 50% até 2030 e garantir que os direitos dos povos indígenas sejam protegidos.
Apenas 5 dos 17 países megadiversos, que abrigam 70% da biodiversidade mundial, produziram e apresentaram planos de preservação: Austrália, China, Indonésia, Malásia e México. Suriname foi o único país da Amazônia a apresentar um planejamento. Nenhum país da bacia do Congo havia produzido um plano até o início de outubro.
Canadá, Itália, França e Japão foram as únicas nações do G7 a atender ao prazo. O Reino Unido submeteu um documento técnico à convenção da ONU sobre diversidade biológica. Entretanto, não deve publicar seu plano até o início de 2025, devido à troca de governo.
COP16
A Colômbia, país sede da cúpula, também não conseguiu cumprir o prazo, mas disse que apresentaria seu plano durante a reunião. O Brasil, que não cumpriu o prazo, afirmou que estava formulando um plano que duraria até o meio do século. Além disso, afirmou que havia atrasado devido à escala do que estava tentando alcançar.
“Estamos trabalhando em um novo plano de ação que se estenderá até 2050. O Brasil é um país enorme com a maior parte da biodiversidade, com uma grande população e uma governança complexa,” afirmou ao The Guardian Braulio Dias, diretor de conservação da biodiversidade do ministério do meio ambiente brasileiro, responsável pelo processo de criação do plano de ação para biodiversidade.
Os 6 países responsáveis pela bacia do Congo, a segunda maior floresta tropical do mundo depois da Amazónia, também, ainda, não alcançaram o prazo.
Espera-se que outros países apresentem planos durante a conferência, segundo a ONU. O mundo ainda não atingiu nenhuma meta estabelecida na história dos acordos de biodiversidade da ONU. Isso tudo apesar do grande esforço para garantir que esta década fosse diferente.
“Mais planos de ação seriam melhores, isso é claro,” disse a chefe de biodiversidade da ONU, Astrid Schomaker. “Esperamos que mais sejam anunciadas na COP16 – incluindo alguns grandes, como o da Índia, que deseja ter o anúncio ministerial na COP e dar muita visibilidade a isso”, disse.
“Estamos confiantes de que até o final do ano haverá muitos mais”, ressaltou Schomaker. “Entendemos que, quando estão atrasados, os países precisam obter financiamento primeiro. Muito frequentemente, isso acontece porque eles estão tentando fazer uma abordagem que envolva toda a sociedade. Isso leva tempo”, avalia.
Cenário do ocidente
Dr. V Rajagopalan, presidente do grupo de trabalho da Índia encarregado de revisar o plano nacional de biodiversidade do país, disse ao Carbon Brief que os objetivos do acordo global sobre a natureza devem ser adaptados aos contextos locais.
“Nossa situação é diferente da do ocidente: o que pode ser feito lá, não pode ser feito aqui,” disse ele. “Por exemplo, subsídios são um desafio para nós – da mesma forma, pesticidas – devido ao nosso status agrícola e às necessidades de segurança alimentar. Mas, mesmo assim, mantivemos nossas metas muito ambiciosas”, ressaltou.
Crystal Davis, diretora global do Programa de Alimentos, Terra e Água do World Resources Institute, acredita, assim, que o mundo está no momento certo para intensificar essa mobilização.
“A natureza está enfrentando uma crise, na maioria impulsionada pelo uso que a humanidade faz das terras e dos oceanos. Na COP16, é hora de todos os países se mobilizarem e transformar um acordo global histórico para proteger e restaurar a natureza em ação”, disse.
Fonte: Um Só Planeta
Receba as principais notícias sobre sustentabilidade no seu WhatsApp! Basta clicar aqui