COP29 foi a 2ª maior da história e esteve repleta de lobistas; entenda

A presença massiva de lobistas na cúpula deste ano ilustra o poder da indústria nas negociações climáticas.

COP29, que acontece em Baku, no Azerbaijão, e tem lobistas como a quarta maior representação (Kiara Worth, UN Climate Change) -

A 29ª Conferência do Clima em Baku deve se tornar o segundo maior evento da história das cúpulas climáticas, com 66.778 participantes presenciais e 3.975 virtuais, de acordo com dados preliminares da ONU. A grande adesão, que só perde para a COP28 de Dubai, gerou preocupações entre especialistas sobre os critérios de credenciamento. O que mais chama a atenção, no entanto, é o alto número de lobistas presentes. Na COP28, 2.450 representantes da indústria de combustíveis fósseis participaram das negociações, um aumento significativo em relação aos 636 da COP27 no Egito.

Recentemente, a coalizão Kick Big Polluters Out (KBPO) divulgou que, na COP29, pelo menos 1.773 representantes da indústria petrolífera estão presentes. Esse é, então, um número impressionante que supera a soma das delegações dos dez países mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Lobistas: Influência Corporativa em Foco

Na COP29, o Azerbaijão lidera as delegações com 2.229 membros, seguido pelo Brasil (1.914) e a Turquia (1.862). Os Emirados Árabes Unidos, anfitriões da COP28, ficam em quarto lugar (1.011), e a China em quinto (969). A indústria de combustíveis fósseis se posiciona como a quarta maior representação no evento, com empresas como Chevron, ExxonMobil, bp, Shell e Eni enviando 39 representantes.

A presença massiva de lobistas nesta cúpula ilustra o poder da indústria nas negociações climáticas. A COP28 foi a primeira a incluir referências à eliminação das fontes de energia poluentes, após quase 30 anos de resistência. Isso evidencia a influência corporativa nas discussões sobre a crise climática.

Divulgação/COP29

Paradoxo Pós-COP28

A grande presença da indústria de combustíveis fósseis na COP29 contrasta com as metas estabelecidas para a conferência, que incluem a transição energética e a busca por alternativas sustentáveis. A diretora da UK Youth Climate Coalition, Sarah McArthur, afirmou que a influência do setor está obscurecendo a participação dos países mais afetados pela crise climática. Assim, alertando que cada ano sem a remoção dessa influência coloca a sobrevivência coletiva em risco.

O cenário gerou protestos de ONGs, ativistas e especialistas, incluindo o ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o cientista brasileiro Carlos Nobre, que, junto com outras autoridades globais, enviaram uma Carta Aberta ao Secretário-Executivo da UNFCCC, Simon Stiell. Eles pedem reformas na cúpula, como aprimorar os critérios de seleção das cidades-sede. Além disso, querem limitar a participação de setores com resistência à transição energética. Bem como ampliar a presença científica nas discussões e criar um órgão consultivo científico permanente.

*Com informações da Exame

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