NASA revela fotos seca no rio Solimões e queimadas na América do Sul

O período de seca prolongado causa preocupações em especialistas, que monitoram a situação com a ajuda de satélites de observação terrestre da Nasa

Registro do Rio Solimões feito em setembro de 2024. Imagem mostra áreas de seca e se encontra 'nublada' pela fumaça das queimadas — Foto: Earth Observatory/NASA -

O satélite OLI-2, da NASA, registrou uma imagem alarmante do Rio Solimões, que apresenta uma drástica redução de seu nível próximo a Tabatinga, no oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru e a Colômbia. Ao comparar com imagens do mesmo dia, há três anos, os efeitos da seca e a fumaça das queimadas na América do Sul são ainda mais evidentes. As imagens foram divulgadas pela NASA no mês passado.

Em 2024, os principais rios da Bacia Amazônica atingiram níveis extraordinariamente baixos, mesmo para a estação seca, de acordo com o Greenpeace Brasil. Em 4 de outubro, o Rio Negro registrou sua menor marca em mais de 120 anos, com apenas 12,66 metros.

Dados coletados por altímetros de satélite e analisados por cientistas da NASA também revelaram níveis abaixo do normal em diversos lagos e reservatórios no Brasil. Por exemplo o Lago Mamori, no Amazonas.

A seca na região foi intensificada pelo fenômeno climático El Niño, que é causado por uma massa de água excepcionalmente quente no Pacífico equatorial. O Instituto Nacional de Meteorologia informou que seus efeitos começaram no início de 2023 e perduraram até junho deste ano. Com intensidade moderada a forte, o El Niño agravou a seca no norte do Brasil, enquanto o sul experimentou chuvas acima da média.

Registro do dia 21 de setembro de 2021 — Foto: Earth Observatory/NASA

Além disso, uma área de aquecimento no Atlântico Norte pode ter afetado a precipitação, contribuindo para o cenário atual. O projeto SERVIR, uma colaboração entre a USAID e a NASA, apontou que o oeste do Amazonas, o norte do Peru, o leste da Colômbia e o sul da Venezuela receberam 160 milímetros a menos de chuva do que o normal no meio do ano.

Impactos além da América do Sul

Essa situação gerou alertas de pesquisadores sobre o risco de uma seca severa e um aumento nos incêndios florestais. As preocupações se confirmaram: segundo o Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus (CAMS) da União Europeia, a Amazônia e o Pantanal enfrentam as piores queimadas dos últimos 20 anos. A falta de chuvas e a umidade do solo reduzida criaram condições perfeitas para a rápida propagação dos incêndios. Dessa forma, se espalharam por grande parte do continente.

“A baixa precipitação no Pantanal durante a estação chuvosa do ano passado — aproximadamente de novembro a fevereiro — predispôs esta região a um risco maior de incêndio”, disse Doug Morton, cientista do Centro de Voos Espaciais Goddard da Nasa, em comunicado. “No mapa GRACE, você também vê um forte sinal de seca ao norte no Peru, Colômbia, Venezuela e oeste do Brasil — a fonte de muitos dos rios que agora estão secando na Amazônia central.”

Medição do percentual de umidade do solo — Foto: Earth Observatory/NASA

O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN) já considera a atual seca como a mais severa e ampla que o Brasil já enfrentou. Esse fenômeno tem afetado as lavouras e comprometido a saúde da população. Além disso, interrompe redes de transporte e prejudica a geração de energia hidrelétrica na América do Sul. Assim, isso acontece em partes do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela.

Fonte: Revista Galileu

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