A 16ª edição da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP16), em Cali, na Colômbia, deve ser uma das mais importantes conferências já realizadas, não só pela necessidade de estabelecer compromissos efetivos e avanços para conter a perda de até 1 milhão de espécies no mundo, mas também pela conexão do tema com a emergência climática. A análise é do climatologista Carlos Nobre, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP).
“A biodiversidade e o clima estão super conectados. Percebemos como é importante vencer o desafio da emergência climática para manter a biodiversidade e, ao mesmo tempo, como é absolutamente necessário manter a biodiversidade, com todos os ecossistemas saudáveis, para vencer o desafio climático”, afirma o premiado cientista, que também é pesquisador aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Nobre salienta que os ecossistemas naturais têm a capacidade de remover uma gigantesca quantidade de gases de efeito estufa da atmosfera. “Todas as florestas e todos os ecossistemas terrestres e marinhos removem até 33% do dióxido de carbono (CO2) emitido pelas atividades humanas”, frisa.
Resultados e avanços
O pesquisador avalia que os resultadas COP16 da Biodiversidade devem “levar mensagens” para a COP 29 do clima, que acontece de 11 e 22 de novembro em Baku, no Azerbaijão. “Tudo isso também deve contribuir para o avanço dos compromissos da COP 30, que ocorrerá no Brasil, em Belém, em 2025. As pautas estão muito interligadas”, analisa Nobre.
O professor espera que o fundo global da biodiversidade, criado na COP15, em 2022, tenha designação de ao menos US$ 100 bilhões por ano. “Para manter toda essa biodiversidade, principalmente onde ela está mais ameaçada, esse seria um valor mínimo necessário”, pontua. Entre as áreas vulneráveis, o pesquisador pede uma atenção especial à floresta amazônica, que segundo ele, está próxima de um ponto de não retorno até 2050. Isso significa que o ritmo de degradação das últimas décadas pode levar, então, ao colapso parcial ou total da floresta.
Para evitar esse cenário, Nobre ressalta que além de garantir os recursos para o fundo global, é necessário apoiar todas as comunidades tradicionais. Pois os povos são verdadeiros guardiões da floresta, como povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. “Vamos esperar que no final desta COP tenhamos essa boa notícia”, finaliza.
Sobre a Rede de Especialistas em Conservação da Natureza
A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais experientes e reconhecidos de diversas áreas do conhecimento. Eles compartilham de uma visão comum: a importância dos avanços na conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. Com especialistas de todas as regiões do Brasil – inclusive alguns do exterior –, a RECN conta,assim, com economistas, juristas e urbanistas, biólogos, engenheiros, ambientalistas, cientistas e professores universitários. São porta-vozes voluntários atentos, entre outros temas, à adaptação às mudanças climáticas e segurança hídrica. Além disso, atuam na proteção de mananciais, aumento da resiliência das zonas costeiras, conservação do oceano e à adoção das Soluções Baseadas na Natureza (SBN).
O grupo concede entrevistas sobre assuntos variados, trazendo novas perspectivas, gerando conteúdo e enriquecendo reportagens e artigos para diversos veículos de comunicação com informações qualificadas. Criada em 2014, a RECN é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza para ampliar a comunicação científica e ambiental para a sociedade.
*Os pronunciamentos e artigos dos membros da RECN refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores. Acesse o Guia de Fontes
Fonte: Grupo O Boticário
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