A classificação de biodiversidade poderá sofrer uma mudança importante. Na semana que vem, durante a convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre diversidade biológica na COP16, em Cali, Colômbia, o Reino Unido e o Chile irão propor, através da 3F Initiative, que os fungos – cogumelos, mofos, bolores, leveduras e líquens – recebam o mesmo status da fauna e da flora nas legislações ambientais.
Os dois governos co-patrocinarão uma “promessa pela conservação de fungos”, defendendo o seu reconhecimento como um reino independente nas negociações sobre conservação, a fim de adotar medidas concretas que “permitam manter seus benefícios aos ecossistemas e às pessoas no contexto da tripla crise ambiental”, relata o The Guardian.
A proposta é embasada por um crescente corpo de evidências que demonstram que esses organismos desempenham um papel crucial na recuperação do solo. Sequestrando, assim, um terço do carbono das emissões de gases de efeito estufa e decompondo plásticos e produtos químicos poluentes. Os micologistas dizem que, sem fungos, a maioria das plantas não consegue viver fora da água e, portanto, a vida na Terra como a conhecemos não existiria.
“Esta é a coisa mais importante que já aconteceu no campo da conservação de fungos”, disse Giuliana Furci, presidente da Fungi Foundation, que comanda a 3F Initiative. “Se essa promessa for adotada, ela introduzirá uma nova oportunidade para a tomada de decisões, uma nova maneira de ver.”
Importância dos fungos
Apesar de sua importância, a conservação dos fungos é uma área que tem recebido pouca atenção. Alexandre Antonelli, diretor científico dos Jardins Botânicos Reais de Kew, que apoia a iniciativa junto com a União Internacional para a Conservação da Natureza, destaca que apenas 0,4% das espécies de fungos foram avaliadas quanto à vulnerabilidade.
“Mas o papel dos fungos é vital na segurança alimentar, medicina, manutenção do ecossistema e de muitas outras maneiras. A ciência é clara, mas é uma questão de reconhecimento social. Precisamos trazer os fungos para a discussão”, afirmou.
Kew é o lar do maior fungarium do mundo. Dessa forma, é uma coleção de 1,25 milhão de espécimes prensados e secos. Ele agora está passando por sequenciamento de DNA para avaliar riscos tóxicos e benefícios médicos.
Esta análise confirmou que os fungos são um reino independente. Contudo, segundo Antonelli, apenas arranhou a superfície, pois os cientistas descreveram menos de 10% das espécies de fungos que se acredita existirem no mundo. “Funga é a próxima fronteira da ciência da diversidade. Eles produzem tantas moléculas diferentes. Eles são um sistema absolutamente incrível, mas amplamente pouco estudado”, finalizou, então.
Fonte: Um Só Planeta
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