Dados divulgados nesta segunda-feira (16), Dia Internacional da Preservação da Camada de Ozônio, mostra que neste ano a formação do buraco sobre a Antártida, fenômeno que se repete anualmente, se atrasou, mantendo a região coberta por mais tempo, afirma o monitoramento do observatório espacial europeu, Copernicus.
Os pesquisadores afirmam que não se pode concluir que isso é mais um indício de recuperação desta camada gasosa. O buraco de ozônio na Antártida tem melhorado lentamente em área e profundidade desde o ano 2000. Declara a avaliação científica de 2022 apoiada pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e pela OMM (Organização Meteorológica Mundial), que também se pronunciou sobre o assunto hoje.
“Se as políticas atuais permanecerem em vigor, espera-se que a camada de ozônio se recupere para os valores de 1980 (antes do surgimento do buraco de ozônio) por volta de 2066 sobre a Antártida, por volta de 2045 sobre o Ártico e por volta de 2040 para o resto do mundo”, afirmou a OMM em nota.
“A camada de ozônio, outrora um paciente doente, está a caminho da recuperação”, afirmou o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, em mensagem divulgada. “Em um momento em que o multilateralismo está sob forte pressão, o Protocolo de Montreal para ajudar a proteger a camada de ozônio se destaca como um poderoso símbolo de esperança.”
Camada de ozônio em risco
O Protocolo Internacional de Montreal foi acordado em 1987. Assim, ele visava introduzir controles sobre a produção e uso de substâncias que destroem a camada de ozônio e que já foram amplamente utilizadas na fabricação de centenas de produtos, incluindo refrigeradores, aerossóis, espumas e embalagens. Estes gases permanecem décadas na atmosfera.
Estudo divulgado este ano apontou pela primeira vez um declínio notável nos níveis atmosféricos dos chamados hidroclorofluorocarbonetos (HCFCs). Estes HCFC são potentes gases de efeito estufa, e sua redução também deverá impactar positivamente a luta contra as mudanças climáticas. Dessa forma, confirmando o sucesso de um regulamentos histórico que limita a sua produção.
O que causou o atraso em 2024?
Segundo informações do Copernicus, como o início do Vórtice Polar Sul (uma massa de ar frio característica da região) foi interrompido durante o inverno, o desenvolvimento do buraco de ozônio de 2024 começou relativamente tarde, no final de agosto. A evolução do buraco de ozônio deste ano até agora é semelhante à observada em 2022 em tamanho e profundidade.
Quando o vórtice polar é fraco, com temperaturas mais altas e ventos mais lentos. Assim, o processo de deterioração do ozônio é mais fraco, afirma o laboratório europeu.
De acordo com uma análise do Observatório da Terra da NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, a Antártida experimentou dois eventos raros de aquecimento do ar em julho e agosto deste ano. O que aconteceu foi que as temperaturas na estratosfera saltaram 15 ºC e 17 ºC, respectivamente.
Como resultado, o vórtice polar do hemisfério sul foi alongado e com ventos enfraquecidos. Ao contrário das condições de ventos circulares, frios e rápidos que favorecem a depleção do ozônio, vistas, por exemplo, em 2023. Em vez do comportamento típico, aprofundando-se progressivamente durante agosto, o buraco na camada de ozônio não se desenvolveu até o final do mês.
Isso é um sinal de recuperação?
Os dados de 2024 são lidos com cautela pelo Copernicus. “Assim como um período de clima mais frio do que o normal não revela tendências climáticas de longo prazo, um início lento de um buraco na camada de ozônio não pode ser automaticamente atribuído a uma recuperação da camada”, afirmam os pesquisadores europeus.
A OMM ressalta que eventos atmosféricos podem ter um impacto significativo no buraco na camada de ozônio da Antártida. Assim, citando como exemplo a erupção vulcânica de Tonga, em 2022, que espalhou cinzas pelo globo e deixou o céu da Antártida rosa.
A saúde da camada de ozônio depende, então, de uma combinação de fatores químicos e meteorológicos. Assim, eles tornam muito difícil atribuir o desenvolvimento do buraco na camada de ozônio a um único ingrediente individual, ponderam cientistas.
“Outros gases emitidos por atividades naturais, como fumaça de incêndios florestais, vapor de água e dióxido de enxofre de vulcões, também podem atingir a estratosfera e afetar o processo de destruição do ozônio”, ressalta o comunicado do Copernicus, que aponta ainda o aquecimento global como fonte de impactos colaterais no ozônio da estratosfera.
Fonte: Marco Britto / Um Só Planeta
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