A Amazônia bateu recordes de queimadas no primeiro semestre deste ano. Por conta do período de estiagem histórico e da antecipação da estação seca na região – atrelados ao acontecimento de fenômenos como o El Niño -, a vegetação amazônica ficou super inflamável. Porém, mesmo com condições ambientais suscetíveis ao fogo, a umidade de nossas florestas tropicais não permitiria tantos focos de calor como os que estão sendo registrados hoje. A fonte de ignição constante que fomenta esse cenário de emergência ainda é a ação humana personificada em condutas criminosas – com destaque ao desmatamento ilegal. Em meio às chamas, o equilíbrio dos ecossistemas e a saúde das pessoas são diretamente afetados.
Entre os anos de 2010 e 2023, foram detectados pelo BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) 1,8 milhão de focos de calor na Amazônia Legal. Desse total, 143.066 focos aconteceram apenas em 2023. Tais pontos destacam a presença de limpezas de pasto ou de áreas de uso agrícola (agricultura de corte e queima), queimadas de cerrados e incêndios florestais. Vale enfatizar que embora o fogo tenha início em um determinado local, ele é rapidamente catalisado por ventos fortes e, assim, alastra-se floresta à dentro, causando mais destruição e perda de biodiversidade.
Bioma pede socorro
Os dados utilizados são do estudo Fatos da Amazônia 2024, do projeto Amazônia 2030. No ano passado, por exemplo, o bioma da Amazônia perdeu uma área de extensão um pouco maior que a de Portugal para o fogo. Assim, segundo os pesquisadores, as maiores quantidades ocorreram no estado do Pará (48.457 focos). Assim, esse valor corresponde a quase o dobro dos focos em relação ao segundo estado: Mato Grosso (25.135 focos). Ao todo, foram queimados 10,7 milhões de hectares, um aumento de 35% em relação a 2022, de acordo com os dados da plataforma do Inpe.
Somente nos primeiros seis meses de 2024, biomas brasileiros – como além da Amazônia, o Pantanal e o Cerrado – já bateram recorde de queimadas. No primeiro semestre, o número de focos de calor detectados na Amazônia sofreu um aumento de 76% em comparação ao mesmo período de 2023. Os dados do Inpe para o bioma amazônico são os maiores desde 2004 – quando o país enfrentava altos índices de desmatamento. Hoje, mesmo que o desmatamento tenha sofrido queda, esse crime continua sendo o grande estopim para incêndios que consomem nossa fauna e flora.
Não adianta reclamar das queimadas apenas quando abrimos as janelas de nossos lares e vemos a cidade completamente tomada por fumaça. Os incêndios são sintomas do desmatamento. Assim, as mudanças climáticas podem ser previstas e combatidas para evitar catástrofes ambientais, como a que estamos vivendo. Agora, controlar as queimadas são medidas urgentes, mas, acima de tudo, é preciso preveni-las.
Fonte: Luna Galera / Um Só Planeta
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