Fumaça no Pantanal e na Amazônia equivale a 5 anos de poluição em SP

Monitoramento europeu mostra níveis "fora da curva" nos estados de Amazonas e Mato Grosso do Sul

Rio Paraguai em meio aos incêndios no Pantanal. — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil -

O ano de 2024 é, até agora, o de maiores emissões de fumaça e de gases estufa advindas de incêndios florestais no Brasil desde 2005, afirma o observatório espacial europeu, Copernicus.

Dados da agência europeia, publicados pelo cientista sênior Mark Parrington, mostram que o fogo no Pantanal e na Amazônia este ano fez com que os estados de Mato Grosso do Sul e Amazonas registrassem o nível mais alto de emissões de gás carbônico (CO2) a partir de incêndios florestais desde 2003. O acúmulo destes gases na atmosfera é um dos principais motores do aquecimento global, e no Brasil, as queimadas estão entre as maiores fonte de emissões do país, ao lado do desmatamento.

De acordo com o monitoramento europeu, até o dia 6 de agosto, ambos os estados beiravam as 10 megatoneladas de carbono em emissões cada. Dessa forma, isso representa uma soma de 73,4 milhões de toneladas de CO2 equivalente (t/CO2e), medida usada para estimar o impacto climático da liberação de gases estufa na atmosfera.

O total de carbono liberado pelos incêndios florestais nos dois estados em sete meses equivale a mais de 5x o total emitido pela cidade de São Paulo em um ano. Além disso, somado ao efeito nocivo para o clima, as emissões das queimadas tornam o ar local insalubre, gerando impactos para a saúde ambiental.

Biomas em risco

Pará, que compõe a Amazônia, e Mato Grosso, que tem trechos de Amazônia e Pantanal, vêm registrando focos de incêndio dentro da média, afirma Parrington. Ambos os biomas enfrentam fortes efeitos da seca após um período de influência do fenômeno climático El Niño.

No Pantanal, de acordo com o coletivo internacional de cientistas WWA (World Weather Attribution), a mudança climática intensificou em 40% os incêndios em junho.

Assim, na Amazônia, estudo publicado pelo Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) aponta que metade da população do bioma (50% das localidades não indígenas e 54% das aldeias indígenas) está propensa ao isolamento por causa de secas extremas. Com isso, na região, o transporte fluvial é o principal método de deslocamento.

Ilustração gráfica
Quadro mostra emissões dos estados de Mato Grosso, Amazonas e Mato Grosso do Sul. Acima, em vermelho, as curvas de emissões de 2024 superam a média de anos anteriores até agosto (em negrito). Com exceção do MT. — Foto: Copernicus Climate Change Service/ECMWF

Fumaça vista do espaço

A Nasa publicou nesta segunda-feira (12) imagens que mostram as colunas de fumaça do incêndios florestais na Amazônia. Com isso, a fotografia tirada por satélite, o mesmo usado pelo Brasil para monitorar a atividade do fogo, revela focos no Pará e no Amazonas. Lá há 22 municípios prejudicados pela fumaça, que tomou a capital Manaus.

Segundo o governo do estado, durante o período de 180 dias está proibida a prática de fogo. Assim essa regra é aplicada com ou sem uso de técnicas de queima controlada.

Assim, a agência americana cita o nível “fora do comum” dos incêndios na Amazônia em julho, um mês que bateu recorde de duas décadas, com mais de 11 mil focos registrados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O registro é 93% maior que os 5.772 focos registrados em julho do ano passado. Além disso, também supera em 111% a média para o mês nos últimos 10 anos (5.272).

Fonte: Marco Britto / Um Só Planeta

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