2025 pode ser o ano dos veículos elétricos nos países em desenvolvimento

Os veículos elétricos estão se aproximando da paridade de preços com os modelos a gasolina e diesel, o que atrairá novos consumidores

Carros elétricos
Foto: Freepik/divulgação -

Ao percorrer as rodovias nos arredores de Pequim, China, ou ao utilizar um mototáxi em Kigali, Ruanda, uma mudança se torna evidente: a crescente presença de veículos sem escapamento. Essa tendência, impulsionada pela adoção de veículos elétricos, marca uma transformação silenciosa, mas significativa, nos sistemas de transporte de diversas cidades e países em desenvolvimento ao redor do globo. O fenômeno ecoa as expectativas de Rob de Jong, chefe da Unidade de Mobilidade Sustentável do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que lidera um esforço para acelerar essa transição em mais de 60 nações.

Para De Jong, a mudança para a mobilidade elétrica representa uma oportunidade de remodelar centros urbanos, contribuindo para a redução da poluição atmosférica e o controle dos gases de efeito estufa, principais vetores do aquecimento global. O especialista do PNUMA fala que há um potencial transformador dos veículos elétricos na sociedade e fundamenta sua convicção de que 2025 será o ano em que essa tecnologia finalmente se popularizará, especialmente em países de baixa e média renda.

A principal razão para essa projeção otimista reside na convergência econômica: os veículos elétricos estão se aproximando da paridade de preços com os modelos a gasolina e diesel. Na China, por exemplo, já é possível adquirir um carro familiar padrão por um valor equivalente a US$ 15.000, incluindo subsídios governamentais, tornando a opção elétrica cada vez mais acessível. Além disso, a longo prazo, os veículos elétricos demonstram ser mais baratos em termos de manutenção e operação.

Um estudo de referência estima que cerca de um bilhão de novos veículos serão introduzidos globalmente até 2050, com uma parcela significativa destinada aos países em desenvolvimento. Esse cenário reforça a urgência da transição para os veículos elétricos, segundo De Jong. Os países ainda têm a oportunidade de evitar o aprisionamento na infraestrutura de combustíveis fósseis, como oleodutos e postos de gasolina, cuja construção dificulta a adoção de alternativas.

Os benefícios da eletrificação para os países em desenvolvimento são múltiplos: redução da poluição do ar, diminuição da dependência de combustíveis fósseis importados, estímulo ao crescimento de fontes de energia renovável domésticas (como hidrelétrica e geotérmica), potencial para criação de empregos verdes na fabricação local e, crucialmente, a diminuição das emissões de gases de efeito estufa.

Embora a atenção muitas vezes se concentre nos automóveis elétricos, em muitos países em desenvolvimento, motocicletas e veículos de três rodas representam o principal meio de transporte pessoal. Um relatório do PNUMA de 2024 revelou que menos de 1% desses veículos são elétricos, um cenário que De Jong prevê mudar rapidamente em regiões da África Ocidental, Oriental e Sudeste Asiático. As motocicletas elétricas já alcançaram competitividade de custos, oferecendo economia no abastecimento e na manutenção, e em breve, deverão ser também mais acessíveis na compra. De Jong acredita que essa transição pode ocorrer de forma surpreendentemente veloz, comparável à ascensão dos telefones celulares e da fotografia digital, podendo ser uma questão de poucos anos.

Para impulsionar essa mudança, é fundamental aumentar a conscientização sobre os benefícios dos veículos elétricos, padronizar tecnologias como plugues de carregamento e baterias, e fornecer financiamento para superar o custo inicial. A infraestrutura de carregamento, um desafio em muitas regiões, pode ser solucionada com modelos inovadores, como as estações de troca de baterias já em expansão em algumas partes da África. Apesar da resistência de setores ligados aos combustíveis fósseis, De Jong se mostra otimista, confiante de que a transição para a mobilidade elétrica é um movimento irreversível, com o trem da mudança já em andamento.

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