SPFW58: desfile celebra insumos brasileiros e impulsiona valorização do artesanato

Crochê, tricô, macramê e aplicações foram algumas técnicas utilizadas para a coleção "Manualidades brasileiras", apresentada na 58º SPFW

Foto: Divulgação / Reprodução Catarina MIna -

A moda sustentável tem ganhado cada vez mais espaço nas passarelas da São Paulo Fashion Week (SPFW58). Buscando alinhar consumo e a produção consciente, estilistas apostam em materiais naturais e na valorização do artesanato para reduzir impactos no meio ambiente.

Neste final de semana, o desfile “Manualidades brasileiras” da Sou de Algodão, com direção artística de Paulo Borges, levou à passarela 36 criações feitas a partir de algodão pelas mentes e mãos de 12 estilistas. Crochê, tricô, macramê e aplicações foram algumas técnicas utilizadas para as coleções.

O conceito de sustentabilidade agregado à valorização do algodão brasileiro foi o norte do desfile. Além do conforto, durabilidade e a flexibilidade de cores, o algodão, por ser um material natural, pode ser reutilizado e tem uma vida útil mais longa que as fibras sintéticas como poliéster, nylon e viscose.

Cadeia Produtiva

Segundo Valeska de Laquila, gerente de produto FiberMax da BASF Soluções para Agricultura, apoiadora da Sou de Algodão, é importante fortalecer a imagem do algodão brasileiro. “O desfile foi uma grande celebração para todos nós que fazemos parte dessa cadeia produtiva”, disse ao Um Só Planeta.

Além de ser apoiadora do projeto Sou de Algodão, a BASF é responsável por desenvolver ferramentas para auxiliar os cotonicultores a cultivar algodão de forma mais eficiente e sustentável. “Nós apoiamos iniciativas como Sou de Algodão por entendermos a importância da união da cadeia produtiva e da valorização do produto nacional”, ressaltou.

Foto: Divulgação / Reprodução Dendezeiro

Assim, a moda representa cerca de 8,3% dos CNPJs ativos no Brasil, sendo micro, pequenas e médias empresas 97,5% desse montante. A busca pela etiqueta verde no mundo fashion está alinhado com a adesão das empresas por implementar práticas ESG (Ambiental, Social e Governança, em português).

Na indústria da moda, essa sigla não está atrelada apenas com aos materiais usados, mas também inclui o impacto social que as produções geram, com a inclusão de pequenos produtores no processo criativo e manual, por exemplo.

Dados

Conforme dados do Sebrae, o Brasil possui cerca de 8,5 milhões de artesãos espalhados por todos os estados. Além disso, o setor movimenta em torno de R$ 100 bilhões por ano – cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

A cearense Catarina Mina, uma das marcas participantes do desfile, trouxe a coleção ‘Herdeiras do Futuro’. Assim, buscou a proposta de imaginar um futuro mais consciente e sustentável e teve como novidade criações com borracha amazônica.

“Acreditamos no artesanato como uma tecnologia ancestral e sustentável, onde o passado se encontra com o futuro. Nossa coleção ressalta técnicas tradicionais e, pela primeira vez, integra elementos da Amazônia”, ressaltou Celina Hissa, diretora criativa da marca.

Criações do SPFW58

As criações com borracha partiram de uma parceria com a Da Tribu. Essa marca referência em moda sustentável criada por Kátia Fagundes e Tainah Fagundes (mãe e filha). “A parceria com Da Tribu é uma oportunidade de potencializar a rede artesanal brasileira, valorizando a economia local e conectando histórias de mulheres e pequenas comunidades da Amazônia e do sertão cearense”, diz.

Outra marca que também se destacou pela pegada sustentável no desfile deste ano foi a paraense Normando. Em sua estreia nas passarelas da SPFW58, a marca criada por Emídio Contente e Marco Normando, trouxe tecidos de baixo impacto ambiental e de origem Amazônica para o desfile.

Com o nome “Vândalos do Apocalipse”, o desfile da marca trouxe, então, peças elaboradas a partir de fibras de juta, algodão e malva. Isso tudo de origem brasileira e cultivadas nos estados do Pará e Rondônia.

Látex, da Da Tribu — Foto: Divulgação

“O propósito da Normando é valorizar a nossa herança cultural e ambiental, conectando o passado com o presente por meio de criações que respeitam o meio ambiente e exaltam o modernismo brasileiro”, afirma. Marco Normando. “Queremos mostrar que é possível unir design, história e sustentabilidade de maneira autêntica e inovadora”, ressaltou, então, Emídio Contente.

Fonte: Ívina Garcia / Um Só Planeta

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