O que se faz em uma cidade pode ser o começo de uma mudança mundial. É o que diz a Organização das Nações Unidas (ONU), que enfatiza que ações locais são fundamentais para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável até 2030.
As cidades representam menos de 2% da superfície da Terra, mas consomem 78% da energia e produzem mais de 60% das emissões de gases de Efeito Estufa no mundo, de acordo com estimativas do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU Habitat).
Enquanto isso, o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (DESA) da organização, 2,5 bilhões de pessoas viverão em cidades ou centros urbanos até 2050. A crescente população colocará demandas extras em recursos e serviços nas áreas urbanas, o que torna o progresso na área de desenvolvimento sustentável essencial.
O que é uma cidade sustentável?
Uma cidade sustentável é, em suma, um local que visa o progresso da área econômica e social enquanto se preocupa com o uso do meio ambiente de forma a não contribuir para a emergência climática. É isso que explica Jonathan Barton, professor do Instituto de Geografia da Pontifícia Universidade Católica do Chile (PUC-Chile).
Entretanto, segundo o professor – cuja área de pesquisa se concentra em políticas e planejamentos para o desenvolvimento sustentável – o correto seria dizer que uma cidade é “mais sustentável”.
“A sustentabilidade não é preto e branco absoluto. É um espectro bem variado e depende de diversos fatores”, explica. De acordo com ele, uma cidade mais sustentável seria, por exemplo, mais igualitária na distribuição de benefícios e em acessos à serviços e bens.
“Também é preciso que ela seja mais eficiente no uso de recursos naturais e participativa em seu sistema de governança”, completa Barton.
O que torna uma cidade sustentável
Para Barton, a sustentabilidade de uma cidade é formada por dois pilares: socioeconômico e ambiental.
Na área ambiental, o principal fator de sustentabilidade é a ecoeficiência, ou seja, fazer o mesmo e continuar o desenvolvimento com menos uso de recursos, como energia, água e espaço. “Idealmente, é preciso também colocar limites de uso. Por exemplo, se a ecoeficiência melhorar em 10%, mas o consumo também aumentou em 10%, então não há avanço”, afirma o especialista.
Na parte socioeconômica, as iniciativas dos municípios devem ser voltadas para o aumento na acessibilidade e igualdade. “Não há sustentabilidade em um local em que o uso de recursos naturais é eficiente, mas há aumento na desigualdade social”.
Nesse sentido, Barton diz que a sustentabilidade começa com um processo político. “É necessário, por exemplo, um sistema democrático e participativo, acesso amplo à infraestrutura e serviços, maior equidade de renda, o que depende de tomadores de decisão em primeiro lugar”.
Fonte: National Geographic
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