Na semana passada um dos maiores rios do estado de São Paulo foi vítima de um dos maiores crimes ambientais que a população paulista já presenciou. O Rio Piracicaba amanheceu no dia 17 com mais de 36 toneladas de peixes nativos mortos. A região metropolitana da cidade de Piracicaba recebe a descarga de quase uma centena de córregos e ribeirões, os quais compõem sua rede de drenagem. Além disso, a bacia guarda uma riqueza natural única, conhecida como o Pantanal do estado de São Paulo, a qual foi agredida em uma proporção sem precedentes.
Segundo laudo da agência ambiental do estado, resíduos da produção de açúcar da Usina São José descartadas irregularmente nas águas do rio foi a responsável pela asfixia dos animais. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) multou a usina em R$18 milhões pelo desastre histórico em uma área de preservação ambiental (APA), o Tanquã.
Segundo o órgão de proteção, o nível de oxigênio da água chegou a zero, impedindo a vida aquática. Os resíduos -apontados como “mel” ou melaço de cana- percorreram cerca de 60 km distante do seu despejamento a partir da usina, situada na região metropolitana da cidade.
“O mel foi encontrado cristalizado em uma das vistorias na Usina São José. O PH do ribeirão, entre 7 e 8 de julho, ficou ácido (passando de 7,4pH para 5,4pH). Comportamento característico de quando há presença de resíduos de açúcar em água”, informou a Cetesb.
Desastre vai além dos peixes
Aproximadamente 800 mil pessoas vivem na Bacia do Piracicaba, a qual compreende 21 municípios. Já a área de preservação ambiental -cujo tamanho corresponde a 14 campos de futebol- é conhecida como um berçário natural de diversas espécies de peixes e consequentemente, habitada por diversas espécies nativas de aves que ali alimentam-se. Além disso, a área é essencial para a renovação e conservação da biota nativa – cerca de 150 espécies entre peixes, mamíferos, anfíbios e répteis- incluindo algumas em risco de extinção. Entre os mamíferos e répteis em perigo estão a onça-parda, o lobo-guará, a jaguatirica e o jacaré-de-papo-amarelo, por exemplo. Segundo especialistas, a recuperação da fauna do rio pode demorar um tempo correspondente a 3 gerações dos animais, ou seja, mais de 10 anos.
A usina, em suma, se posicionou dizendo avaliar a penalidade da multa e diz estar à disposição da investigação.
“A Usina São José esclarece que segue à disposição das autoridades e não poupa esforços para colaborar plenamente com a CETESB, a Polícia Ambiental e o Ministério Público. Em relação ao relatório da CETESB, a empresa está avaliando o teor da decisão, bem como seus eventuais desdobramentos. “
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