O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta sexta-feira (4) a Rainha Mary da Dinamarca, no Palácio do Planalto. Participaram da reunião o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o assessor especial da Presidência, Celso Amorim. A rainha estava acompanhada pelo ministro do Clima e Energia, Lars Aagaard, e pela embaixadora da Dinamarca, Eva Bisgaard.
O presidente Lula começou a reunião dizendo que tinha boas lembranças da Dinamarca, na COP15, em 2009, em Copenhague, e do anúncio, no mesmo ano e na mesma cidade, do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016. “Talvez tenha sido o momento mais emocionante da minha vida”, disse o presidente, que lembrou que visitou a Dinamarca como sindicalista, antes de ser presidente, e ressaltou a relação de cooperação entre sindicatos brasileiros e dinamarqueses.
Lula falou sobre o processo de reconstrução do Brasil e da reconstrução dos laços do País com o mundo, porque, no governo anterior, ninguém queria visitar o Brasil nem receber o presidente brasileiro. Também explicou como o país quer aproveitar as oportunidades na transição energética, de ter uma matriz energética renovável, com 90% da sua energia elétrica oriunda de fontes limpas.
Convite
O presidente convidou a Dinamarca a participar da Aliança Contra a Fome, que o Brasil lançará no encontro do G20, em novembro, no Rio de Janeiro.
Lula também agradeceu à Dinamarca pela devolução do Manto Tupinambá ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro. O item é considerado um ente vivo, de caráter espiritual, que traz identidade, memória e pertencimento para os povos indígenas do Brasil, em especial para as populações tupi.
O presidente ressaltou, ainda, o compromisso do Brasil de zerar o desmatamento na Amazônia.
A rainha manifestou solidariedade em relação às enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul e às secas e incêndios em outras regiões do país. Também relatou que Brasil e Dinamarca compartilham muitos valores e ideias comuns. Que entre os temas da visita estavam o acesso à saúde por telemedicina, igualdade de gênero e preservação ambiental. Ela destacou que começou sua visita por Manaus, conhecendo a Amazônia e os efeitos da seca.
Também ressaltou que todos que estão participando dessa viagem querem promover a proximidade e as relações entre os dois países.
COOPERAÇÃO NA SAÚDE
A ministra Nísia Trindade enfatizou a retomada, no governo atual, da cooperação entre Brasil e Dinamarca na área da saúde. Ambos países possuem sistemas universais de saúde, e a Dinamarca é uma referência em muitos setores, a exemplo da telemedicina.
Também falou sobre a importância da cooperação na área hospitalar e nos investimentos de empresas dinamarquesas na área de saúde no Brasil. Por exemplo, a Novo Nordisk, que produz e exporta a partir de sua fábrica brasileira em Montes Claros, Minas Gerais.
Os executivos Simone Tcherniakovsky, vice-presidente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da Novo Nordisk Brasil, e Reinaldo Costa, vice-presidente corporativo da Novo Nordisk em Montes Claros (MG), transmitiram, então, ao presidente o anúncio de um investimento de R$ 864 milhões para modernização da linha de produção de insulina e implementação de projetos de sustentabilidade na planta da empresa na cidade mineira, ao longo de 2024 e 2025. Inaugurada em 2007, essa planta é responsável por todo o processo de produção de diferentes tipos de insulina. Assim, é uma das principais fornecedoras desse produto para o Sistema Único de Saúde do Brasil.
Brasil e Dinamarca: Relações comerciais
As relações entre Brasil e Dinamarca são amistosas e assentam-se em interesses comuns e valores compartilhados. Do ponto de vista econômico, o relacionamento entre Brasil e Dinamarca tem na atração de investimentos sua principal vocação. Além disso, os dois países mantêm acordos na área de comércio, energia e meio ambiente. No âmbito comercial, de janeiro a agosto de 2024, o intercâmbio entre os dois países foi de US$ 1,5 bilhão de dólares. As exportações brasileiras alcançaram US$ 345,7 milhões e as importações, US$ 1,1 bilhão. Assim, a pauta de importações brasileiras é baseada em produtos farmacêuticos, incluindo medicamentos veterinários. Enquanto isso, o país exporta, sobretudo, produtos alimentícios, farelos de soja, medicamentos, estruturas flutuantes e madeira.
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