Durante a COP16, realizada em Cali, Colômbia, organizações indígenas de nove países amazônicos formaram uma aliança inédita, chamada G9 da Amazônia Indígena, para defender a floresta, os povos tradicionais, a biodiversidade e o clima global. Essa coalizão visa fortalecer as demandas comuns dos povos indígenas e aumentar a pressão sobre governos por ações climáticas efetivas.
O G9 é uma estrutura horizontal, sem grupos de direção ou sede, onde todas as organizações participantes têm igual peso nas decisões, que são tomadas por consenso. A aliança inclui representantes da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.
A primeira reivindicação do G9 é o reconhecimento dos povos indígenas como autoridades morais na conservação dos biomas, fundamentando-se na falha dos governos em cumprir compromissos climáticos. Os povos indígenas, com seus conhecimentos tradicionais, têm sido os melhores gestores territoriais, preservando cerca de 80% da floresta amazônica, vital para a biodiversidade e o clima global.
Carta do G9
As principais áreas de atuação do G9 incluem, então, a conservação da biodiversidade, direitos territoriais, financiamento direto para projetos autônomos e proteção de povos indígenas em isolamento. A declaração inaugural da aliança, lida durante o evento, reflete esses princípios e prioridades, buscando fortalecer a voz dos povos indígenas nas negociações internacionais.
Sem a nossa participação ativa, qualquer diálogo sobre biodiversidade e ação climática é infundado, uma vez que a nossa relação com o território tem mantido a vida na Amazônia.
— Trecho da Declaração do G9 da Amazônia Indígena na COP16.
Assim, na carta, a aliança exige a implementação de mecanismos de financiamento direto para fortalecer a autoridade e governança indígena, eliminando intermediários que não reconhecem esses direitos. Além disso, pede a inclusão das perspectivas indígenas e conhecimentos na formulação de políticas. Bem como a criação de um Órgão Subsidiário que reconheça essas contribuições para os objetivos da Convenção sobre a Diversidade Biológica.
Com a iniciativa, as organizações esperam garantir, então, os direitos dos povos indígenas e a proteção de seus territórios. Dessa forma, aumentando a pressão sobre os governos para que adotem medidas que respeitem suas demandas e a conservação ambiental.
Fazem parte da aliança as seguintes organizações:
- Confederación de Naciones y Pueblos Indígenas del Chaco, Oriente y Amazonía de Bolivia (CIDOB, da Bolívia)
- Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB, do Brasil)
- Organización Nacional de los Pueblos Indígenas de la Amazonía Colombiana (OPIAC, da Colômbia)
- Confederación de Nacionalidades Indígenas de la Amazonía Ecuatoriana (CONFENIAE, do Equador)
- Asociación de Pueblos Ameríndios de Guyana (APA, Guiana),
- Federación de Organizaciones Amerindias de Guyana Francesa (FOAG, da Guiana Francesa)
- Asociación Interétnica de Desarrollo de la Selva Peruana (AIDESEP, do Peru)
- Organización de los Pueblos Indígenas de Surinam (OIS, do Suriname)
- Organización Regional de Pueblos Indígenas de Amazonas (ORPIA, da Venezuela)
Fonte: Um Só Planeta
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