Grupo de economistas e empresários brasileiros lançam “Pacto Econômico pela Natureza”

O objetivo é fazer um chamamento ao poder público, à sociedade e o setor privado para uma mobilização para o enfrentamento das mudanças climáticas

Foto: Pexels -

Cinquenta e dois empresários e economistas brasileiros assinaram o “Pacto Econômico pela Natureza”, uma iniciativa divulgada nesta quarta-feira (28) que convoca o poder público, à sociedade e o próprio setor privado para uma mobilização para o enfrentamento das mudanças climáticas.

Segundo o O Globo, a ideia de construir este pacto nasceu de encontros e troca de ideias entre alguns dos signatários, que decidiram se mobilizar de forma prática. A palavra de ordem é “construir” alternativas, já que não existem fórmulas prontas.

“Acho que é fundamental reconhecermos que nós temos um processo de mudanças climáticas extremas no mundo, não apenas no Brasil, com efeitos que vão provocando desequilíbrios em todas as regiões do planeta” disse Walter Schalka, membro do Conselho de Administração da Suzano e um dos empresários do manifesto, ao jornal carioca.

Como exemplo concreto e próximo dos brasileiros, o empresário citou as enchentes no Rio Grande do Sul, salientando que, além da perda de vidas, o desastre resultou em um custo econômico significativo para o país.

Outro signatário do pacto é Fabio Barbosa, CEO da Natura. Segundo ele, a ideia do chamamento é colocar todo mundo na mesma mesa – poder público, sociedade civil, iniciativa privada –, para que juntos construam um programa de defesa dos biomas brasileiros, ao mesmo tempo em que se pensa em descarbonização.

Objetivo do pacto

“O governo, sozinho, não vai resolver isso. A iniciativa privada também não. E o Brasil tem um papel importante nesse tema. Somos uma potência ambiental. O controle do desmatamento nos vários biomas, a absorção do carbono. São coisas que fazem a diferença em termos de impacto global”, analisou.

Barbosa lembrou que o país tem muita energia limpa e isso é uma questão importante para o crédito de carbono. Segundo ele, a restauração de áreas degradadas é outro ponto que precisa ser enfrentado.

“Temos a melhor matriz energética do mundo. Tem muita coisa boa no Brasil, é preciso alavancar isso. Na energia renovável, se nós continuarmos ampliando, podemos exportar hidrogênio verde. Há muito potencial”, enfatizou. “O problema não é simples, é complexo, mas com esforço e qualidade da sociedade civil, dos cientistas brasileiros, do poder público e da iniciativa privada, temos certeza de que vamos trazer as melhores soluções para a sociedade e implementá-las.”

Schalka destacou que 97% do desmatamento que acontece no Brasil são ilegais e que resolver este problema não é uma questão de legislação, mas sim de cumprimento da mesma. E isso, inclusive, passa por lidar com um ponto social importante, já que muitas pessoas vivem da ilegalidade.

“Nós precisamos nos interessar mais por essa questão e endereçar a questão fundiária brasileira. Porque senão a gente fica sempre no diagnóstico e não sai do lugar. Nós não podemos ser espectadores desse processo, nós temos que ser protagonistas”, complementou.

Confira o “Pacto Econômico pela Natureza” na íntegra:

A catástrofe humanitária no Rio Grande do Sul e o recorde de focos de incêndio no Pantanal tornam ainda mais urgente a necessidade de unirmos esforços para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

Não temos à mão fórmulas prontas, soluções fáceis. Mas, como cidadãos perplexos com o impacto socioeconômico dos eventos extremos e com o despreparo da nossa nação, manifestamos aqui nosso compromisso de buscar as saídas em conjunto com toda a sociedade.

Precisamos colaborar com o Executivo na estratégia de combate ao desmatamento ilegal e na recuperação de áreas degradadas. Precisamos contribuir com o Legislativo na criação de leis que disciplinem o licenciamento ambiental e protejam as florestas. Precisamos incentivar um Judiciário atuante na defesa do direito constitucional ao meio ambiente, algo em que o Brasil, aliás, foi pioneiro e referência. Precisamos dos Três Poderes alinhados – tanto no diagnóstico das oportunidades e riscos pela frente, como no compromisso em torno de um programa que faça do Brasil uma potência de soluções sustentáveis

Não é justo, porém, empurrar todo o ônus para o Poder Público. E não é produtivo gastar tempo apontando culpados, caçando bruxas. Todos os brasileiros têm a responsabilidade de transformar a dor em esperança e de repensar hábitos e processos.

Metas

Entendemos que cabe à iniciativa privada acelerar a adaptação da nossa economia à nova realidade do clima. Seja porque atuais fontes de geração de riqueza no país estão sob risco, seja porque uma mobilização de conformidade ambiental dará acesso a mais recursos e mercados.

Um pacto econômico com a natureza impulsionará a nação no cenário global. Temos vantagens competitivas que nos são exclusivas e de que o mundo necessita. Podemos gerar renda e empregos e, ao mesmo tempo, preservar as áreas verdes e transformar espaços urbanos.

Em 2025 o Brasil será anfitrião da COP, fórum global que discute o enfrentamento da crise climática. É fundamental que o país construa com profundidade e velocidade as diretrizes e metas de um plano nacional de descarbonização para ser levado ao evento. O empresariado e os Três Poderes precisam se unir o quanto antes para encarar esse desafio, em uma coalizão em defesa do nosso meio ambiente, da nossa economia e da prosperidade da nossa população.

Fonte: Um Só Planeta

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