Nesta segunda-feira (18), o combate à fome e à pobreza, dois dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, passaram a fazer parte da agenda do G20, com o lançamento de uma força-tarefa global para enfrentar essas questões até 2030. Esse prazo coincide com o estabelecido para os demais ODS, que foram definidos pela ONU em 2015 e incluem metas como o acesso à água potável, saneamento, cidades sustentáveis e ação contra as mudanças climáticas.A criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza foi oficializada no Rio de Janeiro, durante a reunião anual do G20, que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Africana e da União Europeia.
Com a adesão da Argentina, poucos momentos após o anúncio, a aliança agora conta com 148 membros, incluindo 82 países, a União Africana, a União Europeia e diversas organizações internacionais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC).
A adesão à aliança, iniciada em julho e ainda em andamento, é formalizada por meio de uma declaração assinada pelos países ou entidades participantes, que definem compromissos específicos de acordo com suas necessidades e prioridades. Segundo o governo brasileiro, a estrutura de governança da aliança será totalmente implementada até 2025, com o Brasil oferecendo apoio temporário para as funções iniciais da iniciativa.
Aliança Global
Conforme relatado no blog da jornalista Miriam Leitão, Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), declarou que o banco irá destinar US$ 25 bilhões ao longo de três anos para financiar empréstimos de baixo custo voltados para as iniciativas da Aliança. Adicionalmente, os países mais pobres receberão US$ 200 milhões para suporte técnico na implementação de programas eficazes na luta contra a pobreza e a fome, como o Bolsa Família, que o Brasil pretende expandir para outras partes do mundo.
Maximo Torero, economista-chefe da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), afirmou à BBC que 2025 representa uma “oportunidade única” para avançar na luta contra a fome, a pobreza e as mudanças climáticas. No ano em questão, o Brasil assumirá a presidência do Brics e sediará a 30ª Conferência do Clima da ONU (COP 30). Essas agendas estão profundamente conectadas, já que o aquecimento global agrava a vulnerabilidade dos sistemas alimentares e eventos climáticos extremos afetam negativamente a vida das populações e suas habitações.
“É importante lincar a aliança com a agenda climática. Então, o fato de o Brasil estar liderando o G20, coordenando isso de perto com o G7, presidido pela Itália, e passando ano que vem para o Brics e depois para a COP 30 é uma grande oportunidade para atrair também as questões climáticas para a segurança alimentar”, disse.
Atividades
Maitê Gauto, Diretora de Programas, Incidência & Campanhas da Oxfam Brasil, afirmou em nota que a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza pode ser um ponto de inflexão na luta contra a fome e a pobreza extrema, mas precisa ir além, “priorizando uma agricultura transformadora, equidade de gênero, direitos à terra e a agricultura em pequena escala”. Segundo ela, a iniciativa deve também “abordar com urgência os impactos devastadores das mudanças climáticas nos sistemas alimentares do Sul Global e enfrentar a armação da fome. Só ao abraçar essas mudanças estruturais mais profundas poderemos esperar enfrentar as causas raízes da fome e da pobreza de forma eficaz”.
Durante as atividades paralelas à Cúpula Social do G20, foi promovida uma nova iniciativa, celebrada por meio do evento cultural Aliança Global Festival – Contra a Fome e a Pobreza, realizado na Praça Mauá, no Rio de Janeiro. O principal objetivo da celebração foi reafirmar o compromisso do Brasil em estabelecer uma rede colaborativa e sustentável, envolvendo nações, instituições e a sociedade civil na causa da justiça alimentar.
Em setembro deste ano, o combate à fome e à pobreza também ganhou destaque em outro importante acordo internacional: o Pacto pelo Futuro. Esse documento, com 56 páginas, foi assinado na sede das Nações Unidas durante a Assembleia Geral da ONU e estabelece uma série de prioridades para fortalecer a cooperação multilateral.
O pacto sublinha a importância de uma implementação ambiciosa da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com foco na erradicação da pobreza, na eliminação da fome, na necessidade urgente de reformar a arquitetura financeira global para lidar com as mudanças climáticas e na promoção de um mundo livre de armas nucleares.
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