
uso de equipamentos de alta precisão, ambientes controlados e profundo conhecimento sobre o comportamento animal permitiram aos cientistas Crawford Greenewalt e Augusto Ruschi registrar, em imagens coloridas, os movimentos quase invisíveis de beija-flores — revelando detalhes biológicos e comportamentais até então inacessíveis à ciência. Esses avanços técnicos e os desafios práticos e éticos envolvidos na fotografia de aves em ambientes naturais são o foco do artigo “Como se Tivéssemos o Pássaro na Mão”: Crawford Greenewalt, Augusto Ruschi e a Fotografia Ultrarrápida de Beija-Flores, publicado na revista HALAC – Historia Ambiental, Latinoamericana y Caribeña, em 16 de junho.
O estudo, realizado pelos pesquisadores Alyne dos Santos Gonçalves, Lucas Erichsen e Antonio José Alves de Oliveira, do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), analisa como Greenewalt e Ruschi desenvolveram métodos pioneiros para documentar o voo ultrarrápido dos beija-flores, utilizando tecnologias fotográficas de ponta combinadas a práticas de manejo cuidadoso das aves — como captura, alimentação e transporte — que exigiam habilidades especializadas e sensibilidade ética.
Além de analisar as inovações técnicas, o artigo discute os desafios práticos e éticos envolvidos na fotografia de aves em ambientes naturais. “A expertise exigida para capturar, alimentar e transportar os beija-flores demonstrou que, mesmo com os equipamentos mais avançados, o sucesso da empreitada dependia do conhecimento profundo sobre o comportamento animal”, ressalta o pesquisador Lucas Erichsen.
Baseado em dezenas de correspondências, artigos e fotografias produzidas pelos dois cientistas, o estudo mostra como sua amizade e paixão em comum pelas aves impulsionaram a criação de técnicas inéditas de registro da vida selvagem. Antes de suas iniciativas, imagens de beija-flores em pleno voo eram praticamente inexistentes; após suas contribuições, abriram-se novas possibilidades para a pesquisa científica, especialmente na ornitologia.
Ao discutir as transformações tecnológicas, metodológicas e humanas envolvidas na documentação visual de aves, o artigo também destaca como a colaboração entre ciência e sensibilidade naturalista pode produzir conhecimento duradouro — e inspirar futuras gerações de pesquisadores e fotógrafos da natureza. “Com esse trabalho, Greenewalt e Ruschi transformaram a forma como a ciência vê — e registra — o mundo dos beija-flores, deixando um legado que ainda inspira pesquisadores e fotógrafos ao redor do mundo”, destaca a pesquisadora Alyne Gonçalves.
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