Um trabalho realizado e divulgado pelo Centro de Política e Valoração do Solo (CPSV) da Universidade Politécnica da Catalunha (UPC) -Espanha- colocou o continente europeu em alerta. Segundo o estudo, se o padrão da evolução das temperaturas e da precipitação no território espanhol -que ocorreu de 1971 a 2022- se repetir, o clima do país poderá mudar de mediterrânico para semiárido ou desértico, até 2050.
Chamado de “Espanha: rumo a um clima mais seco e mais quente”, o estudo faz um alarme aos impactos já nítidos no dia a dia dos espanhóis e projeções catastróficas a curto e médio prazo para todo o ecossistema europeu.
O ponto chave dos dados resultantes do estudo revelam que se o mesmo cenário se repetir ou se manter como o atual, num prazo de menos de 26 anos, as precipitações na Espanha cairão entre 14% e 20% em comparação com os níveis atuais. Além disso, a temperatura média diária no país poderá atingir assustadores 15,84°C. Ou seja, 1,43°C mais alto que as temperaturas médias dos últimos 10 anos no território.
O que acontecerá, então?
Num cenário pessimista, porém real, se os números da pesquisa se concretizarem, o clima típico e padrão da Espanha passará de mediterrâneo para um clima mais seco e quente, de estepe (semiárido). Assim, podendo chegar até condições desérticas. Isso porque ocorreria uma grande mudança nas características das estações do ano, atualmente marcadas por invernos temperados e secos e verões quentes. Dessa forma, acarretando em um clima de semiaridez.
“O processo de aquecimento resultante das mudanças climáticas tem sido muito pronunciado na Espanha continental e nas Ilhas Baleares, representando um verdadeiro ponto crítico”, escreveram os pesquisadores responsáveis pelo estudo.
As mudanças já começaram na Espanha
Segundo os próprios especialistas do CPSV, durante o período analisado -1971 e 2022- as temperaturas médias da Espanha e das Ilhas Baleares, incluindo Maiorca, aumentaram 3,27°C. Esse valor, para leigos, pode não parecer tão relevante. Entretanto, esse valor representa um aumento muito acima da média da mudança mundial de 1,19°C e da média do Mediterrâneo de 1,58°C.
Para elucidar os números preocupantes, os estudiosos transformaram esses valores em dias do ano. Por exemplo: durante o verão a temperatura máxima diária de 25°C ou mais, subiram 43%. Ou seja, indo de 82,4 dias em 1971 para 117,9 em 2022. Da mesma forma, as noites tropicais, que é quando os termômetros não descem abaixo de 25°C, passaram de 1,73 dias para 14,12.
De acordo com um estudo publicado pela EurogreenNews, essas drásticas mudanças de cenários estão atreladas a redução significativa nos níveis de chuvas do país. Houve uma redução de 0,93 mm por ano de 1971 a 2022. Dessa forma, o país tem enfrentado mais frequentes e extensos períodos de seca. Entretanto, chuvas extremas que causam inundações de cidades e pouco ajudam a compensar a seca de fato, também, aumentaram nas últimas décadas. Confirmando, assim, a repetição de eventos extremos e anomalias climáticas em um dos principais países do continente europeu.
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