Duas das maiores secas do mundo nos últimos 40 anos foram no Brasil

A pesquisa serve como um alerta urgente para a necessidade de implementação de políticas de gestão dos recursos hídricos no Brasil

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Foto: Joédson Alves/ABr -

Uma pesquisa recente, publicada em janeiro na revista científica Science, lança um alerta preocupante sobre o impacto das mudanças climáticas no Brasil. O estudo, liderado por cientistas do Instituto Federal Suíço para Floresta, Neve e Pesquisa de Paisagem (WSL), em Birmensdorf, revelou que o país vivenciou duas das mais severas megassecas dos últimos 40 anos.

A primeira delas, classificada como a sétima pior em nível global, assolou o sudoeste da Amazônia entre 2010 e 2018. Atingindo vastas áreas dos Estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, além de porções da Bolívia e do Peru, a estiagem causou o drástico ressecamento de importantes rios da Bacia Amazônica, como o Madeira, o Negro e o Solimões. O ano de 2016 marcou o pico desta crise hídrica, registrando a maior seca na Amazônia em um século. A pesquisa também aponta que um aumento de 30% no desmatamento durante esse período elevou significativamente o risco de repetição de eventos climáticos extremos como este.

A segunda megasseca identificada pelo estudo atingiu o leste brasileiro em 2016, sendo considerada a nona pior do mundo. Os Estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro foram os mais afetados. Na época, o Estado de São Paulo enfrentou a sua pior seca em 45 anos, conforme dados da Universidade de São Paulo (USP). O Sistema Cantareira, crucial para o abastecimento de água de milhões de habitantes da Grande São Paulo, chegou a operar com níveis alarmantes, utilizando o chamado “volume morto” – menos de 5% de sua capacidade total. Em Minas Gerais, a escassez hídrica impactou severamente a produção de energia nas usinas hidrelétricas, como a de Furnas.

A gravidade do cenário é reforçada pela declaração de Philipp Brun, coautor do estudo do WSL: “A gravidade das secas perenes se tornará cada vez maior com as mudanças climáticas”. A pesquisa serve como um alerta urgente para a necessidade de ações efetivas no combate ao desmatamento e na implementação de políticas de gestão sustentável dos recursos hídricos no Brasil.

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