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Drones podem ser utilizados no combate à dengue: saiba como

Startup brasileira quer utilizar tecnologia já empregada no controle de pragas agrícolas para frear a reprodução do Aedes Aegypti em ambientes urbanos

Drone sob mata
Foto: Envato Elements -

Uma solução já utilizada no controle de pragas agrícolas pode ser uma aliada no combate à dengue. A startup brasileira Birdview, que desde 2015 atua no setor agrícola realizando o controle biológico de pragas de forma sustentável, quer utilizar a mesma tecnologia de drones empregada nas lavouras para diminuir a proliferação do mosquito Aedes Aegypti em centros urbanos.

A técnica consiste em utilizar drones equipados com uma embalagem modular carregada de insetos adultos, que realizam uma soltura controlada dos animais em áreas demarcadas. Em áreas rurais, são liberadas espécies inimigas das pragas agrícolas mais comuns, promovendo um controle biológico e natural que dispensa o uso de agrotóxicos.

Em áreas urbanas, os mesmos drones podem ser utilizados para liberar machos do mosquito Aedes Aegypti esterilizados em laboratório, para que copulem com fêmeas selvagens — as responsáveis pela transmissão da dengue e de outras doenças como zika, febre amarela e chikungunya. Como esta espécie se reproduz apenas uma vez na vida, as fêmeas produzirão cada vez menos descendentes, reduzindo a população destes insetos na região ao longo do tempo até sua completa erradicação.

Técnica dos Drones

A técnica de liberação de mosquitos esterilizados já foi testada por cientistas, apresentando bons resultados. A desvantagem é que o método costuma ser realizado de maneira terrestre, com os pesquisadores dirigindo pelas regiões que registram altas taxas da doença e abrindo tambores contendo os insetos. Além da demora, a cobertura não alcança pontos menos acessíveis que podem conter focos do mosquito, como piscinas abandonadas, pneus em terrenos e oficinas e até vasos de flores em cemitérios.

A soltura por drones, segundo Ricardo Machado, cofundador da empresa, pode resolver todos estes problemas, uma vez que cada equipamento tem a capacidade de liberar cerca de 17 mil insetos em apenas 10 minutos de voo, cobrindo uma área de até 100 mil metros quadrados. Ainda de acordo com o engenheiro, graças à maior capacidade de vazão e cobertura mais homogênea, a soltura de mosquitos Aedes Aegypti estéreis via drone pode reduzir até 90% da população do inseto em determinada área em até quatro semanas, uma marca que levaria de três a quatro meses para ser alcançada via soltura terrestre.

A startup busca agora negociações com biofábricas que realizam a esterilização do mosquito Aedes Aegypti, além de parcerias com municípios e estados interessados em utilizar a tecnologia. A estimativa de Machado é que o projeto já esteja operacionalizado e em escala ainda este ano.

Com informações de Agência FAPESP, Pesquisa para a Inovação, Drone Friendly e Startupi

Fonte: Yasmin Caminha / TechTudo

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