
Um relatório alarmante divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Uneco) acende um alerta global sobre a segurança hídrica e alimentar. Intitulado “World Water Development Report 2025 – Mountains and Glaciers: Water towers“, o estudo revela que o derretimento acelerado das geleiras em escala mundial pode afetar o suprimento de água e alimentos de até um quarto da população do planeta, o que representa cerca de 2 bilhões de pessoas. As atuais taxas de perda de massa glacial atingiram um patamar inédito, com consequências potencialmente catastróficas e imprevisíveis para diversos setores.
O documento da Unesco aponta para um impacto significativo na agricultura irrigada, que depende crucialmente do escoamento da água proveniente do degelo e da neve nas regiões montanhosas. Estima-se que dois terços de toda a agricultura irrigada global sofrerão algum tipo de impacto devido ao recuo das geleiras e à diminuição da queda de neve, fenômenos diretamente ligados às mudanças climáticas. A velocidade com que as geleiras estão desaparecendo é inédita, com os últimos três anos registrando a maior perda de massa glacial já documentada. Desde 1975, impressionantes 9.000 gigatoneladas de gelo foram perdidas, um volume comparável a um bloco de gelo da área da Alemanha com 25 metros de espessura.
As consequências do derretimento não se restringem apenas à agricultura. Mais de um bilhão de pessoas vivem em regiões montanhosas, e nos países em desenvolvimento, até metade dessa população já enfrenta insegurança alimentar. A situação tende a se agravar, uma vez que a produção de alimentos nessas áreas está intrinsecamente ligada às fontes de água das montanhas, provenientes do derretimento da neve e das geleiras. Mesmo países desenvolvidos, como os Estados Unidos, já sentem os efeitos, a exemplo da bacia do Rio Colorado, em seca desde 2000, onde o aumento das temperaturas resulta em mais chuva e menos neve, acelerando o escoamento da água e intensificando a estiagem.
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