
O Governo Federal lançou o Plano Safra 2025/2026 com um forte viés voltado à sustentabilidade no campo. Ao todo, foram disponibilizados R$ 516,2 bilhões para apoiar a agricultura e a pecuária brasileiras no próximo ciclo agrícola. Desse total, R$ 414,7 bilhões serão destinados a operações de custeio e comercialização, enquanto R$ 101,5 bilhões atenderão demandas de investimento.
O anúncio reforça a estratégia de promover práticas sustentáveis por meio de estímulos financeiros. Produtores que comprovarem adoção de técnicas ambientalmente responsáveis terão acesso a condições diferenciadas, como taxas de juros reduzidas. As taxas padrão para custeio e comercialização são de 10% ao ano para produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e de 14% ao ano para os demais. Já os financiamentos para investimento têm juros que variam entre 8,5% e 13,5% ao ano, dependendo do programa.
Como incentivo adicional, o governo prorrogou o desconto de 0,5 ponto percentual nas taxas de juros do crédito de custeio entre 1º de julho de 2025 e 30 de junho de 2026, válido para produtores do Pronamp e também para os demais que comprovarem práticas sustentáveis.
Regras mais rígidas e crédito condicionado ao Zarc
A principal mudança normativa do Plano Safra 2025/2026 é a ampliação do uso do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) como critério obrigatório para concessão do crédito de custeio agrícola. A ferramenta, que orienta o produtor sobre as melhores épocas e regiões para plantio com menor risco climático, passa a ser exigida para todas as operações acima de R$ 200 mil — e não apenas para contratos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) vinculados ao Proagro, como acontecia anteriormente.
Segundo o governo, a medida visa aumentar a segurança da produção e evitar a liberação de crédito para lavouras em áreas e períodos com risco climático elevado. A única exceção será para situações em que não houver zoneamento disponível para o município ou para a cultura em questão.
RenovAgro Ambiental ganha novas frentes
O RenovAgro Ambiental, subprograma voltado a práticas agropecuárias sustentáveis, foi ampliado. A partir deste ciclo, ele também contemplará ações de prevenção e combate a incêndios florestais, além de apoiar a recuperação de áreas de preservação permanente e reservas legais.
Entre os itens financiáveis, destacam-se a aquisição de caminhões-pipa e carretas-pipa, além de mudas de espécies nativas para recomposição florestal. Com isso, o governo sinaliza uma preocupação crescente com o uso racional da água, a contenção de queimadas e a restauração de ecossistemas no meio rural.
Produção sustentável no centro da política agrícola
Ao atrelar condições de financiamento à adoção de práticas sustentáveis e tornar o Zarc uma exigência ampla, o Plano Safra 2025/2026 consolida uma nova lógica na política agrícola brasileira: o acesso ao crédito como instrumento para indução de mudanças ambientais positivas.
A expectativa é de que as medidas fortaleçam a resiliência climática do setor agropecuário, reduzam perdas por eventos extremos e estimulem investimentos em tecnologias mais limpas, como integração lavoura-pecuária-floresta, bioinsumos e agricultura de baixo carbono.
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