Os países africanos estão perdendo até 5% do seu produto interno bruto (PIB) todos os anos por conta do aquecimento global, declarou Simon Stiell, secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), em uma reunião de ministros africanos do meio ambiente realizada em Abidjan, na Costa do Marfim.
“A crise climática é um buraco econômico que suga o ímpeto do crescimento”, disse ele, que aproveitou a ocasião para pedir mais investimentos para o continente. “O vasto potencial da África para impulsionar soluções climáticas está sendo frustrado por uma epidemia de subinvestimento.”
Hoje, a região, formada por 54 países, recebe por ano apenas 1% dos US$ 100 bilhões (aproximadamente R$ 557,7 bilhões) em financiamento climático disponível. O valor não é nada perto do US$ 1,3 trilhão (R$ 7,2 trilhões) necessário, de acordo com autoridades locais.
Só para eliminar o uso de combustível tradicional para cozinhar, como a madeira, que contribui para as emissões de gases de efeito estufa, Stiell disse que são precisos US$ 4 bilhões (R$ 22,3 bilhões) anualmente.
“Dos mais de US$ 400 bilhões (R$ 2,2 bilhões) gastos em energia limpa no ano passado, apenas US$ 2,6 bilhões (R$ 14,5 bilhões) foram para nações africanas”, informou ele.
Números da África
Tratando apenas da África Subsaariana, a adaptação climática está prevista para custar entre US$ 30 bilhões (R$ 167,3 bilhões) e US$ 50 bilhões (R$ 278,8 bilhões) por ano na próxima década. Essa estimativa foi feita de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Mas a região recebeu apenas uma estimativa de US$ 10,8 bilhões (R$ 60,3 bilhões) em financiamento para adaptação entre 2021 e 2022. O dado é da organização Climate Policy Initiative, que rastreia os fluxos de financiamento para adaptação.
COP29
O chefe do clima da ONU, conforme relatado pela Reuters, destacou que na preparação para a COP29, que acontecerá em novembro em Baku, no Azerbaijão, tem havido pedidos crescentes para que a África garanta mais financiamento climático.
Na cúpula, os países deverão concordar com um Novo Objetivo Coletivo Quantificado (NCQG) para financiamento. Assim, deve canalizar mais dinheiro para adaptação e energia limpa em nações em desenvolvimento.
Contudo, os governos seguem divididos sobre muitas das questões fundamentais, incluindo o tamanho da meta, o que ela deve financiar e quem deve contribuir. Reportagem do Climate Home News destaca que, enquanto a maioria dos países em desenvolvimento quer que as nações classificadas como industrializadas sejam as responsáveis por dar o dinheiro, este segundo grupo, liderado pela União Europeia e pelos Estados Unidos, pede que economias que ficaram mais ricas – e mais poluentes – como a China, também deem a sua contribuição.
Para Stiell, a COP29 “deve sinalizar que a crise climática é o principal negócio de todos os governos, com soluções financeiras correspondentes”. O secretário executivo pediu progresso em uma série de fontes de financiamento além do NCQG. Desde a criação e funcionamento de um mercado global de carbono até a operacionalização do novo fundo de perdas e danos. Pois tudo isso ajudaria a impulsionar o progresso climático na África.
“Uma África em ascensão, uma África capacitada para tomar ações climáticas mais ousadas é do interesse de todas as nações”, completou.
Fonte: Um Só Planeta
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