Chefe da ONU Clima chama inação dos governos de "carnificina climática" ao ver casas destruídas por furacão

Simon Stiell enfatizou que os governos devem intensificar os esforços para evitar mais catástrofes provocadas pelas mudanças climáticas e que é obrigação do G20 liderar esse movimento

Vítima de furacão segurando guarda-chuva
O secretário-executivo da ONU Mudança Climática, Simon Stiell, conforta uma vizinha perto da casa da sua avó em Carriacou, na ilha de Granada, no Caribe -Foto de Denniz Futalan - Pexels -

O furacão Beryl devastou partes do Caribe no começo do mês passado. Um dos locais mais afetados foi a ilha de Carriacou, em Granada, terra natal de Simon Stiell, secretário executivo da ONU Mudanças Climáticas (ONU Clima). Em visita recente ao local e aos escombros da casa de sua avó, ele definiu a situação atual como uma “carnificina climática”.

“Tragicamente, esse transtorno de vidas e meios de subsistência causado pelo Beryl não é único. É o custo crescente da carnificina climática descontrolada, em todos os países da Terra. A nível global, as tempestades nunca foram tão fortes ou tão frequentes, as enchentes tão repentinas e destrutivas, os incêndios e as secas tão devastadores e onerosos, tanto no imediato quanto no longo prazo”, afirmou.

Stiell acrescentou que os desastres causados pelo clima não apenas prejudicam vidas e comunidades quando ocorrem, mas, também, infligem enormes custos contínuos no mundo todo.

“Um relatório recente calculou os custos de inação em $38 trilhões de dólares por ano, até 2050. O mesmo relatório diz que a ação climática custará menos de um sexto desse valor”, comparou. “Os impactos climáticos reduziram a produção global de alimentos e aumentaram os preços dos alimentos e outros custos de vida.”

Ele enfatizou que o Beryl foi mais uma consequência das mudanças climáticas causadas, sobretudo, pela queima de petróleo, gás e carvão. “Precisamos parar de piorar as coisas. Devemos cortar a poluição por combustíveis fósseis agora e reduzi-la pela metade nesta década, como exige a ciência.”

Assim, complementou que, em vez de apenas contabilizar os custos da carnificina climática, todos os governos devem intensificar os esforços para evitá-la. Isso significa colocar a ação climática novamente no topo das suas agendas.

Casa destruída
Foto de Serkan Gönültaş – Pexels

Consequências do furacão

Se referindo especificamente ao G20, indicou que o grupo é responsável por 80% da poluição por gases de efeito estufa e deve liderar o caminho com novos planos climáticos nacionais “revolucionários”, que cumpram a promessa que feita na COP28, em Dubai, no ano passado, de abandonar os combustíveis fósseis.

“Precisamos de planos de adaptação mais fortes, criando resiliência e protegendo comunidades, economias, cadeias de suprimentos e resultados financeiros das empresas, que atualmente estão sendo prejudicados pelo aquecimento global”, destacou ele. “A ação climática é um investimento, não um custo, proporcionando retornos sobre o investimento em infraestrutura nova e limpa, e gerando crescimento econômico.”

O secretário executivo da ONU finalizou dizendo que justiça climática requer ações climáticas mais ousadas que proporcionem resultados na economia e na vida real.

“Estando aqui [em Curriacou] é impossível não reconhecer a importância vital de fornecer financiamento climático, financiar perdas e danos e investir maciçamente na construção de resiliência, especialmente para os mais vulneráveis”, observou. “O que a crise climática fez com a casa da minha avó não deve se tornar o novo normal da humanidade. Ainda podemos evitar isso, mas somente se as pessoas em todos os lugares se manifestarem e exigirem ações climáticas mais ousadas agora, antes que seja tarde demais.”

Fonte: Um Só Planeta

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