Brasil terá novo sistema para melhorar previsão do tempo

Os equipamentos serão instalados no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)

Supercomputador
Brasil terá novo sistema para melhorar previsão do tempo — Foto: Divulgação -

O Brasil está prestes a atualizar o seu sistema de supercomputação para melhorar a previsão do tempo. No começo do mês, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), publicou o edital e o termo de referência para a aquisição de um novo sistema de supercomputação e armazenamento de dados de alta performance.

Os equipamentos serão instalados em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo. Lá fica o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe. Eles são fundamentais para o aprimoramento dos modelos numéricos, produtos meteorológicos e climáticos atuais. Além disso, de desenvolvimento de novos produtos que permitam simulações mais precisas, centrais para as previsões de tempo, clima e ambientais e para o estudo das mudanças climáticas.

Os produtos da modelagem numérica são úteis, por exemplo, para o setor da saúde. Isso à medida que podem ser usados para suportar programas operacionais para planejamento e controle de epidemias, e para o monitoramento de eventos severos, que requer modelos em alta resolução espacial para subsidiar o envio de alertas de curtíssimo prazo.

Este novo sistema substituirá dois supercomputadores que não conseguem mais realizar todas as operações de previsão meteorológica. Além das de pesquisa de que o país necessita, destaca reportagem da BBC News Brasil. E, dessa forma, deverá reposicionar o Brasil de forma competitiva no cenário internacional.

Tempo com melhor precisão

“Temos uma situação de emergência climática. Com aumento da frequência e intensidade de eventos extremos — ondas de calor, chuvas extremas — causando prejuízos e colocando a sociedade civil em risco”, explicou o físico Saulo Ribeiro de Freitas, chefe de Divisão de Modelagem Numérica do Sistema Terrestre do Inpe. “O que acontece é que o Brasil perdeu muito em termos de capacidade de fornecer informações de alta relevância, acuradas e no tempo certo na comparação com outros centros do mundo.”

Com a atualização, o Inpe conseguirá implementar um modelo do sistema terrestre que está desenvolvido especialmente para fazer previsões climáticas sobre a América do Sul. Batizado de Monan (Model for Ocean-laNd-Atmosphere PredictioN), é um modelo comunitário do Sistema Terrestre Unificado. Ele tem como principal objetivo ser um modelo numérico que abrange todas as escalas, geográficas e temporais, de todo o sistema terrestre e suas implicações.

Dessa forma, é considerado “comunitário” porque agrega esforços de várias instituições nacionais brasileiras. Por exemplo, universidades, centros de pesquisa, centros operacionais e diversas autoridades nas áreas de meteorologia, meio ambiente, oceanos e outros. O Monan também pode receber apoio de centros e universidades internacionais, bem como do setor privado.

Futuro

Com ele, a expectativa é saber, por exemplo, quando, onde e quanto vai chover, a intensidade e a duração de fenômenos como El Niño e La Niña e os efeitos do aumento da temperatura global. Como observa a BBC, são informações imprescindíveis para orientar investimentos públicos. Além disso, evitar perdas humanas e materiais em eventos extremos, como no caso das recentes inundações no Rio Grande do Sul.

Quando o modelo for finalizado e o supercomputador estiver devidamente instalado, o Inpe poderá fornecer previsões em escalas de poucos dias, semanas, meses e anos com maior precisão da intensidade do fenômeno e, também, em escala menor.

“Os atuais modelos americanos e europeus podem rodar a previsão de qualquer lugar do mundo. Mas o modelo é como se fosse um carro de Fórmula 1. Se você coloca para rodar em Interlagos, precisa de uma calibragem diferente do que se coloca para rodar numa pista da Inglaterra”. destacou Gilvan Sampaio, coordenador-geral do Inpe.

Freitas complementou que usar um modelo que englobe o Brasil e a América Latina também é importante por questões de soberania nacional. “Os modelos deles [Estados Unidos e Europa] estão preocupados com os impactos nas regiões americanas e europeias. Temos que ter um modelo para as nossas condições.”

Fonte: Redação, do Um Só Planeta

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