Bahamas refinanciam dívida externa para apoiar a conservação ambiental

O Brasil alocará mais de R$ 721 milhões para iniciativas de proteção marinha e combate às mudanças climáticas ao longo dos próximos 15 anos.

Foto: Nassau / Bahamas - Milena Florim -

Na na sexta-feira passada (22), o governo das Bahamas anunciou um acordo para refinanciar US$ 300 milhões (aproximadamente R$ 1,7 bilhão) de sua dívida externa comercial. Desse montante, US$ 124 milhões (R$ 721,3 milhões) serão direcionados para a preservação marinha, o manejo das Áreas Marinhas Protegidas (MPAs) e ações de adaptação às mudanças climáticas nos próximos 15 anos.

O acordo, denominado “The Bahamas Debt Conversion Project for Marine Conservation”, foi firmado com a The Nature Conservancy (TNC) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além disso, inclui pela primeira vez um investidor privado, o Builders Vision, que atuará como cogarante, bem como da seguradora AXA XL. Essa que fornecerá, então, seguro de crédito para respaldar uma emissão financeira sustentável voltada à proteção ambiental e ao clima.

Foto: Milena Florim

Este projeto inovador integra, pela primeira vez, compromissos explícitos de gestão de MPAs com metas climáticas nacionais. Assim, abordando tanto a mitigação quanto a adaptação às mudanças climáticas. A dívida será reestruturada por meio de um novo empréstimo do Standard Chartered com juros reduzidos. Bem como um fundo patrimonial será criado para garantir o financiamento contínuo das iniciativas após os 15 anos iniciais.

“Vemos este projeto não apenas apoiando os objetivos de biodiversidade e clima do país, mas, em última análise, a economia e os meios de subsistência de muitas, muitas pessoas”, afirmou Shenique Albury-Smith, vice-diretora da The Nature Conservancy sediada nas Bahamas, à agência de notícias.

Foto: Bahamas refinanciam parte da dívida externa em parceria para conservação ambiental – Milena Florim

Bahamas Protected Areas Fund

O Bahamas National Trust administrará o Bahamas Protected Areas Fund, em parceria com o governo e as comunidades locais. Eles têm o objetivo de fortalecer a gestão das Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) recentemente expandidas. Além disso, conclui o Plano Nacional de Gestão de Manguezais e desenvolver um Plano Espacial Marinho. Esse visa otimizar a administração de toda a área oceânica das Bahamas.

Smith afirmou que parte dos recursos protegerá e restaurará os manguezais, essenciais como sumidouros de carbono. A preservação das áreas marinhas também é vital para sustentar setores comerciais essenciais. Como, por exemplo a pesca da lagosta espinhosa, que contribui com aproximadamente US$ 100 milhões anualmente para a economia das Bahamas.

Nature Bonds para a TNC

O The Bahamas Debt Conversion Project for Marine Conservation é o quinto projeto de Nature Bonds da TNC. Essa é uma iniciativa que combina refinanciamento de dívidas, ciências ecológicas e políticas de conservação. Assim, apoia os países na conquista de suas metas ambientais, além de fechar lacunas no financiamento para a natureza. Projetos anteriores ocorreram em Seychelles (2016), Belize (2021), Barbados (2022) e Gabão (2023).

Esses projetos, coletivamente, beneficiarão quase 238 milhões de hectares de oceanos, com um total de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,7 bilhões) em dívidas refinanciadas. Juntos, gerarão, assim, mais de US$ 535 milhões (R$ 3,1 bilhões) em novos recursos para iniciativas de conservação.

Foto: Centro de Nassau / Capital de Bahamas – Milena Florim

“Quando se trata de abordar as crises duplas da emergência climática e da perda de biodiversidade, há uma lacuna de financiamento que sufoca as ambições de muitos países de investir na natureza para o benefício de seu povo”, afirmou Jennifer Morris, CEO da The Nature Conservancy.

Morris ressaltou o forte histórico das Bahamas em conservação, destacando que o país possui um dos maiores sistemas de áreas marinhas protegidas do Caribe. Ela expressou entusiasmo pelo projeto Nature Bonds, enfatizando que ele ajudará as Bahamas a alcançar suas metas de preservação e promoverá meios de subsistência sustentáveis. Ela também destacou que as conversões de dívida, quando combinadas com compromissos de conservação e assistência técnica adequados, são, então, uma solução eficaz e baseada no mercado.

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