Uma iniciativa de 54 empresas assinaram um documento a favor de metas climáticas mais ambiciosas visando pressionar a legislação brasileira. Compondo a lista estão grandes nomes como a Natura, a Nestlé, a Siemens Energy e o Itaú, por exemplo. A iniciativa é uma Chamada à Ação em prol de metas climáticas nacionais mais rígidas para corte de emissões de gases de efeito estufa.
A chamada “Contribuições Nacionalmente Determinadas” (NDCs, na sigla em inglês) é um projeto implementado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e segue um movimento global do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) e da Coalizão We Mean Business (WMBC).
Alguns dos principais pedidos listados no documento são a implementação mais ampla de políticas públicas pró-clima. Além da facilitação de apoio e estímulos financeiros e a ampla participação do setor privado, por exemplo. Além disso, várias outras demandas, também urgentes, foram adicionadas em uma relação de tópicos essenciais para a elevação do desenvolvimento brasileiro a um patamar de modernidade e responsabilidade.
Alguns tópicos da lista
- Desenvolver ambições alinhadas com a meta de 1,5ºC do Acordo de Paris
- Traçar e estruturar um projeto de transição justa e equitativa para uma economia neutra em carbono e positiva para a natureza
- Sinergia entre os planos setoriais de empresas e governo, garantindo alinhamento para uma implementação eficaz
- Políticas e regulamentações concretas e práticas que traduzam as metas das NDCs em ações
- Escalar o investimento privado em iniciativas de clima e natureza
“Como presidente do G20 e anfitrião da COP30, o Brasil tem o papel de liderar esforços em direção à ambição climática global. Precisamos agir agora para estruturar políticas como o Plano de Transformação Ecológica, o Plano Clima, o Mercado de Carbono Regulado e a Política Nacional de Transição Energética, garantindo que estejam alinhadas com a próxima NDC”, disse Marina Grossi, presidente do CEBDS, em comunicado.
Metas insuficientes
A Organização das Nações Unidas (ONU) possui uma avenida que monitora e avalia a concretização e execução das políticas públicas, metas e compromissos firmados pelos países a longo prazo – o Global Stocktake (GST). Segundo dados disponibilizados pela instituição, os atuais objetivos mundiais definidos revelam que, mesmo que se 100% implementados pelas nações, já não seriam mais capazes de frear a elevação da temperatura global a 1,5°C neste século.
Trazendo a realidade para o recorte brasileiro, atualmente, o objetivo é diminuir as emissões de gases de efeito estufa em 48% até 2025 e 53% até 2030, se comparado com os números de 2005. Entretanto, esses valores pré estabelecidos podem sofrer alterações, uma vez que, os países terão de submeter novas NDCs até fevereiro de 2025.
Brasil em NY
Durante um evento da ONU em Nova York, no mês, passado, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou a jornalistas que acredita que os valores do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) do ano que vem deva apontar dados que evidenciam que as metas atuais não serão suficientes. Entretanto, declarou que acredita no poder das ações da sociedade, dos jovens, dos cientistas e dos empresários, por exemplo, para um “balanço geral ético”.
“Tem um esforço que, talvez, eu espero, possa nos levar a antecipar a atualização das NDCs. Se elas não forem suficientes, não devemos, na minha opinião, esperar cinco anos para poder fazer essa atualização”, afirma.
“Aqui é onde podemos mudar o jogo. A próxima rodada de NDCs apresenta uma oportunidade única para as empresas se associarem aos governos e criarem planos fortes e acionáveis que desbloqueiem investimentos. Precisamos de políticas que ofereçam estabilidade, previsibilidade e uma direção clara para inspirar o setor empresarial a se comprometer e investir”, destacou o CEBDS no posicionamento.
Tendo como base as metas estabelecidas em 2021, as empresas assinantes do documento destacaram no documento que apenas 13% mencionaram a participação do setor privado.
O conselho acrescentou que, “globalmente, a mensagem das comunidades empresariais e de investidores é clara. Para que as NDCs atraiam financiamento e investimento privados, elas devem ser apoiadas por um quadro político consistente e políticas de implementação concretas. O objetivo é desbloquear coinvestimentos e entregar ações coerentes e robustas de longo prazo nas ambições climáticas compartilhadas”.
Receba as principais notícias sobre sustentabilidade no seu WhatsApp! Basta clicar aqui