A discussão sobre o mercado de carbono começa com uma pergunta simples, mas decisiva: uma empresa emite mais gases de efeito estufa do que deveria ou contribui para reduzir essas emissões? A resposta passa, necessariamente, pelo conhecimento detalhado do impacto ambiental de cada atividade econômica.
Para saber quanto um negócio emite, o primeiro passo é a elaboração de um inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), explica Felipe Mello, biólogo, mestre em Desenvolvimento Sustentável, especialista em Gestão de Projetos e sócio-diretor técnico da Greenway Soluções em Descarbonização.
Esse levantamento quantifica todas as emissões geradas direta ou indiretamente pelas operações da empresa e serve como base para definir metas de redução e eventuais compensações.
“Quem tende a precisar comprar créditos são as empresas que emitem muito carbono (indústrias, energia, grandes operações), essas que terão metas obrigatórias pelo Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE). Além disso, empresas que assumiram compromissos voluntários, como os de se tornarem ‘carbono neutro’ ou alcançar o ‘net zero’, também recorrem à compra de créditos”.
Créditos de carbono e emissões
O funcionamento do mecanismo prevê uma regra central: a compra de créditos não substitui a redução de emissões. “Esse mecanismo preconiza que essas empresas precisam primeiro reduzir suas emissões o quanto for possível para depois comprar créditos de carbono no volume que não foi possível ser reduzido”.
Do outro lado do mercado estão aqueles que podem vender créditos. Produtores rurais, proprietários de áreas florestais, comunidades tradicionais e empresas com projetos sustentáveis podem gerar créditos, desde que consigam comprovar resultados ambientais adicionais. Isso inclui iniciativas que evitam o desmatamento, promovem o reflorestamento, geram energia limpa ou tratam resíduos, além de ações que reduzem emissões além do que a legislação já exige.
Assim, o mercado de carbono conecta quem precisa compensar emissões a quem contribui efetivamente para reduzi-las, transformando a proteção ambiental em um ativo econômico e ampliando os incentivos para práticas sustentáveis.
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