
A Aldeia Nova Esperança, Tekoa Ka’aguy Porã, fundada por Wera Djekupe, o Marcelo Guarani, abrirá ao público suas primeiras atividades de turismo sustentável em 2026. O plano nasce do desejo de aproximar a sociedade da realidade vivida pelo grupo e de valorizar o trabalho ambiental que a comunidade realiza há anos em Aracruz, onde 42 famílias mantêm viva a espiritualidade, a cultura e o cuidado com a floresta.
“A ideia é, portanto, a gente abrir as portas da aldeia para receber alunos, ciclistas e pessoas que queiram conhecer a nossa aldeia”, explica Wera Djekupe. Para ele, permitir essa convivência tem um objetivo claro: mostrar o impacto concreto da restauração ecológica conduzida pela comunidade.
Dessa forma, os moradores reflorestaram a região com mais de 280 mil mudas de espécies nativas e frutíferas. Com a recuperação da flora, a fauna voltou a se estabelecer.
“Estamos cuidando do mundo. Reflorestando, os bichos voltam, a água volta, o solo melhora”, afirma.

Hoje, o território abriga cinco espécies de macacos, além de papagaios, araras, pacas, tatus, preguiças e diferentes tipos de tucanos e corujas. A fauna aponta para um ecossistema que recupera sua vitalidade.
Além disso, o projeto de turismo inclui trilhas, atividades de educação ambiental e a criação de um centro de recepção para visitantes, já previsto no projeto aprovado pela comunidade.
Aldeia Nova Esperança e novos caminhos
Além da abertura ao turismo, a comunidade mobiliza uma campanha para adquirir entre 50 e 60 hectares e criar um novo aldeamento Guarani. O local será autônomo e culturalmente protegido. Dessa forma, a intenção é viver sem interferência de órgãos governamentais ou instituições externas. Na prática, é uma forma de preservr práticas espirituais, agrícolas e sociais que sustentam a identidade do povo.
“Queremos viver a nossa cultura e a nossa conexão com a espiritualidade, com a floresta e com a vida, sem interferências”, afirma Wera Djekupe.
Além disso, o novo território deve funcionar como refúgio para crianças, jovens e anciãos, garantindo a continuidade da transmissão oral de saberes. “Os índios não escrevem história em pedra ou em livro. Os conhecimentos são passados dia a dia, através da memória e da prática”, explica.
Ele destaca que ameaças como o marco temporal tornam a iniciativa ainda mais urgente.
“Nossa história não pode acabar. Nós somos os verdadeiros guardiões da floresta.”
Assim, ao defender a criação da nova aldeia, Wera Djekupe ressalta a importância de um espaço seguro diante das mudanças ambientais e sanitárias. “Precisamos do nosso refúgio”, afirma, reforçando que o território permitirá garantir a continuidade espiritual, cultural e ecológica.
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