
“A mãe do Brasil é indígena, e é sobre isso que queremos falar”. A frase, dita por Karen Pataxó, resume o espírito da websérie Mulher, Território: Vivências e Resistências Culturais. A obra será lançada na sexta-feira (5), às 17h30, no Ponto de Cultura Rembyapo, na Aldeia Boa Esperança, em Aracruz. Gestora cultural, produtora audiovisual e idealizadora do Coletivo Jokana Ahã, Karen dirigiu a produção.
A websérie marca a conclusão da primeira formação em audiovisual realizada pelo coletivo. Ela agrupa mulheres Pataxó, Tupiniquim e Guarani em meses de trocas, vivências e criação conjunta. Para Karen, o lançamento simboliza a consolidação de um espaço pensado para fortalecer a voz, a presença e a autonomia das mulheres indígenas.
O Coletivo Jokana Ahã nasceu com a proposta de formar mulheres indígenas das três etnias. A proposta é que elas usem o audiovisual como ferramenta de luta, expressão e preservação cultural. Para garantir que pudessem se dedicar à formação, as participantes receberam uma bolsa, além do acompanhamento técnico. “Elas trazem o conhecimento que já têm, da cultura e dos territórios, e aprendem a transformá-lo em filme. Queremos que se tornem produtoras, que se profissionalizem”, explica Karen.
A produção reúne três episódios protagonizados pelas próprias participantes. Em cada um deles, as mulheres apresentam seus territórios, seu modo de vida e como o trabalho que realizam impacta em suas trajetórias. “Elas contam como foi participar das oficinas, o que aprenderam. Também mostram o que vivem nas comunidades e como esse conhecimento se transforma em narrativa”, diz a diretora.
A força das mulheres indígenas
Mesmo com a conquista, o coletivo enfrenta desafios para manter a continuidade das formações. Contemplado em um edital, o Jokana Ahã ainda depende de apoio financeiro e técnico. A ideia é ampliar a iniciativa e fortalecer novos núcleos de produção audiovisual indígena. “Há uma demanda enorme por mulheres na produção de vídeos. Existem referências, mas ainda são poucas indígenas. E essas mulheres são a base do território”, afirma Karen.
Com o lançamento da websérie, a expectativa é que mais mulheres se reconheçam nesse caminho. Além disso, que encontrem, no audiovisual, um espaço de profissionalização e afirmação cultural. “Esperamos que a websérie inspire outras mulheres e que elas saibam que há um espaço coletivo para formações e atividades. Principalmente para mulheres que querem se profissionalizar no audiovisual”, conclui Karen Pataxó.
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