A indústria da moda é a segunda mais poluidora do mundo, perdendo apenas para o setor do petróleo. Para dar uma ideia, mais de 92 milhões de toneladas de roupas e sapatos foram descartados nos últimos anos, segundo dados da Global Agenda Fashion, uma organização sem fins lucrativos.

A chamada fast fashion, um modelo de produção de roupas que foca na rapidez e nos baixos custos, está agravando o problema. A previsão é de que o descarte aumente em até 60% nos próximos anos.

É nesse contexto que entra o trabalho do Terceiro Setor, consciente da necessidade de práticas sustentáveis e apoio às comunidades vulneráveis. Em Vitória, no Espírito Santo, o projeto Negócio Delas entra nesse grupo.

O projeto, que funciona nas dependências do Instituto João XXIII, em Gurigica, coleta roupas seminovas e implementa uma gestão eficiente, desde a triagem dos materiais até a exposição das peças.

Cerca de 40 mulheres já passaram pelo projeto, que consiste em oferecer às participantes roupas usadas, calçados e acessórios para que montem seus próprios bazares. “São mulheres de baixa renda que encontram dificuldades em se manter por questões familiares e de tempo”, explica Gustavo Pacheco, coordenador do projeto.

“O ‘Negócio Delas’ oferece a essas mulheres a chance de se tornarem empreendedoras, com peças em consignação e a liberdade de definir seus próprios preços”, explica.

Além da revenda, as participantes recebem treinamento em empreendedorismo, oficinas e mentorias para aprimorar suas habilidades de vendas e gestão de negócios. Algumas já conseguiram abrir seus próprios brechós e bazares, impulsionando a economia local e o consumo consciente.

Moda sustentável

A experiência de Pacheco na qualificação de instituições o levou a criar feiras colaborativas sociais, reunindo bazares e promovendo a moda sustentável. Um dos destaques é a participação no Sustentabilidade Brasil, onde ele coordena uma loja social com peças de diversos bazares, oferecendo produtos de qualidade a preços acessíveis.

“Peças, muitas vezes de marcas renomadas e em ótimo estado, são destinadas a essas feiras”, destaca Gustavo. “É uma forma de promover a economia circular, reduzir o desperdício têxtil e oferecer opções de consumo mais sustentáveis.”

Customização e moda criativa

O Negócio Delas não para de crescer. A próxima etapa é a customização de peças que não podem ser revendidas, transformando-as em novos produtos e atendendo à crescente demanda por moda criativa e sustentável.

“Estamos ampliando o projeto para incluir oficinas de customização e pequenos reparos, criando novos produtos a partir de tecidos reaproveitados”, conta Pacheco.

“No Sustentabilidade Brasil deste ano, vamos apresentar o ‘Eco Criativo’, um espaço dedicado à moda, design e arte sustentáveis, com desfiles, palestras e atividades interativas”.

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