Estudo revela que consumidor brasileiro pagaria mais caro por proteína bovina sustentável

Pesquisa inédita da Universidade da Flórida mostra que consumidores priorizam proteína bovina sustentável e estão dispostos a pagar mais por ela

Pesquisa inédita da Universidade da Flórida mostra que consumidores priorizam proteína bovina sustentável e estão dispostos a pagar mais por ela
Foto: Freepik -

Você se considera individualista, biosférico (possui uma forte conexão com o meio ambiente) ou altruísta? Independentemente da resposta, possivelmente sua opção de consumo levará em conta produtos que respeitem o meio ambiente. É o que aponta uma tese inédita da Universidade da Flórida, realizada pela jornalista brasileira Shenara Pantaleão Ramadan.

O estudo apontou que os entrevistados comprariam proteína bovina por até 10% acima do valor atual, motivados por mensagens ligadas à preservação da biodiversidade.

“Vivemos em um mundo cada vez mais polarizado e tendemos a colocar as pessoas em caixinhas. Mas, na pesquisa, quando perguntei sobre preocupação com animais, vida marinha e florestas, tanto as pessoas com valores individualistas quanto as altruístas se interessam pela mesma coisa. Todos têm a mesma preocupação”, explicou a pesquisadora.

Preocupação com o meio ambiente

A tese apontou que 63% dos entrevistados apresentaram características “altruístas”, ou seja, preocupam-se em conservar o meio ambiente para promover um mundo melhor para as gerações futuras. Enquanto isso, 26% desejam conservar a natureza pelo bioma e a vida animal. Esses são os considerados “biosféricos”. Os outros 10% buscam o próprio bem-estar e são considerados “individualistas”.

Tanto as pessoas que se consideram altruístas, quanto aquelas que se veem como individualistas, têm preocupações relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade, segundo a pesquisadora Shenara Pantaleão Ramadan (Foto: arquivo pessoal)

Na pesquisa de campo, 72% dos entrevistados apontaram que não têm certeza se o produto que consomem adota práticas de cuidado com o meio ambiente, mas recomendam para outras pessoas a compra de proteína bovina produzida de forma responsável. Isso demonstra, segundo Shenara, que há um mercado de proteína animal sustentável que pode ser explorado.

“Não só existe a intenção de pagar por um produto mais caro, mas também uma maior propensão a recomendar o produto a outros consumidores. A indústria pode explorar esse nicho”, revela.

Consumidor prefere proteína bovina sustentável

Para identificar os motivos de os consumidores optarem pela compra de proteína bovina sustentável, a pesquisadora apresentou aos participantes embalagens de carne com diferentes mensagens.

Como resultado, 69% dos entrevistados optaram prioritariamente pelo rótulo que apontava cuidado com o meio ambiente e a biodiversidade. Isso demonstra, segundo ela, que, independentemente da percepção de si mesmos, todos querem produtos sustentáveis em suas mesas.

Para a indústria, avalia a pesquisadora, abre-se um excelente nicho de mercado. “É preciso que o produto seja sustentável. Mas, é necessário também que as embalagens mostrem essas características. Todos os que responderam ao questionário preferiram embalagens com mensagens visuais e de texto conectadas à natureza. Então, isso se torna uma excelente estratégia de marketing para quem quer investir no segmento”.

Poder de compra foi levado em conta

A pesquisa analisou as percepções gerais de 114 paulistanos sobre a pecuária da Região Amazônica, a produção de carne sustentável na região da Amazônia Legal. Além disso, mostrou exemplos de como a informação sobre os produtos serem ambientalmente responsáveis pode transmitida ao público. A faixa de renda, segundo Shenara, englobou as classes A e AB.

“Estudos anteriores mostraram que pessoas com mais poder aquisitivo são as que têm mais disposição de pagar um preço maior por produtos sustentáveis. Então, meu foco foi justamente pessoas das classes média e média alta”, finalizou.

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