Desmatamento no Cerrado cai após cinco anos de aumento contínuo

Dados do Inpe mostram redução de 25,7% no período 2023/2024

© Thomas Bauer/Instituto Sociedade População e Natureza -

O Cerrado, segundo maior bioma do Brasil, teve sua taxa oficial de desmatamento reduzido pela primeira vez em cinco anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que divulgou os dados nesta quarta-feira (6). A área desmatada de agosto de 2023 a julho de 2024 foi de 8. O monitoramento, realizado pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento no Cerrado por Satélite (Prodes Cerrado), possui precisão de 10 metros e detecta corte raso e eliminação gradual, como incêndios. O Prodes Cerrado abrange o período seco do bioma, de agosto a julho. Esse resultado reverte uma trajetória de crescimento do desmatamento no Cerrado observada nos últimos cinco anos, desde 2018/2019.

Quase 76% da área desmatada concentra-se nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que formam a região do Matopiba, conhecida por ser a principal área de expansão agropecuária do Cerrado. Mesmo nesses estados, a taxa de desmatamento apresentou redução no comparativo entre 2023/2024 e o período anterior, com quedas de 63,3% na Bahia, 15,1% no Maranhão, 10,1% no Piauí e 9,6% no Tocantins

“O dado que acabamos de ver aqui, de queda do desmatamento no Cerrado, que para muitos seria impossível, começa a ganhar fôlego cada vez mais, inclusive com a participação do setor privado”, celebrou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante anúncio dos resultados à imprensa, em evento no Palácio do Planalto.

Diminuição da desmatamento de cerrado

Entretanto, já para entidades da sociedade civil, o patamar do desmatamento ainda está muito elevado. 

“Apesar da tendência de redução confirmada pelo Prodes, os números da destruição ainda permanecem em patamares elevados quando comparamos com a série histórica. Em grande parte, o desmatamento no Cerrado ocorre em propriedades privadas, o que evidencia a necessidade urgente de um maior engajamento do setor produtivo. A pressão econômica sobre este bioma, principalmente pela expansão das atividades relacionadas às commodities, aliado a uma legislação ambiental ainda frágil e pouco efetiva, torna a situação ainda mais crítica”, advertiu Daniel Silva, especialista em conservação do WWF-Brasil.

Parceria com Estados

Na cerimônia desta quarta-feira, o Ministério do Meio Ambiente formalizou um pacto entre o governo federal e os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Assim, esse acordo visa fortalecer a cooperação para prevenir e combater o desmatamento e os incêndios na região, em uma articulação que vem sendo construída desde março.

O governo federal também atribuiu a redução do desmatamento, registrada pelo Prodes, ao aumento das ações de fiscalização tanto no Cerrado quanto na Amazônia Legal. Entre janeiro de 2023 e outubro de 2024, o Ibama aplicou 98% mais multas por desmatamento e queimadas ilegais em relação ao período de 2019-2022. No Cerrado, houve, então, um aumento médio de 20% nas autuações ao ano.

Desmatamento na Amazônia

Além da redução no Cerrado, o Prodes registrou queda no desmatamento da Amazônia Legal entre agosto de 2023 e julho de 2024. A taxa de desmatamento na Amazônia caiu 30,6% em relação ao período anterior (2022/2023).

Esse resultado levou, então, o desmatamento na Amazônia ao menor nível percentual em 15 anos, de acordo com o MMA. Assim, em termos de área desmatada, o índice atual é o mais baixo desde 2013.

*Com informações da Agência Brasil

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