140 anos depois da abertura da 1ª usina a carvão, Reino Unido encerra as atividades do tipo

Herança da Revolução Industrial, a Inglaterra foi o primeiro país a construir uma usina elétrica a carvão, um dos combustíveis fósseis mais poluentes

Imagem de Laura Otýpková - PixaBay -

A última usina de carvão do Reino Unido encerrará suas atividades nesta segunda-feira (30). Instalada em Ratcliffe-on-Soar, em Nottinghamshire, na Inglaterra, ela funcionou por 57 anos, e chega ao fim de sua vida útil em linha com a política do governo de eliminar gradualmente a energia a carvão, sinalizada pela primeira vez há quase uma década.

O fechamento, como destaca o The Guardian, marca o fim da história de 142 anos da utilização do combustível fóssil na Grã-Bretanha, que começou quando a primeira usina elétrica a carvão do mundo, a Holborn Viaduct, começou a operar, em 1882.

A usina de Ratcliffe-on-Soar já empregou 3.000 engenheiros, mas sua força de trabalho diminuiu em linha com sua produção nos últimos anos. Atualmente, conta com 170 trabalhadores, que acompanharão juntos o desligamento – e cerca de 100 deles deverão realizar o descomissionamento nos próximos dois anos.

De olho no futuro

Ativistas climáticos estão celebrando o momento. “Este é o capítulo final de uma transição notavelmente rápida do país que iniciou a Revolução Industrial”, disse Phil MacDonald. Phil é diretor administrativo do thinktank global de energia Ember, ao The Guardian.

Ed Matthew, diretor do thinktank de crise climática E3G, acrescentou: “O Reino Unido foi o primeiro país a construir uma usina elétrica a carvão. É certo que é a primeira grande economia a sair da energia a carvão. Esta é a verdadeira liderança global, iluminando o caminho para outros países seguirem.”

Agora que o carvão começa a ficar no passado, a prioridade, segundo Tony Bosworth, ativista da Friends of the Earth, é se afastar também do gás. Assim, “desenvolvendo o mais rápido possível o enorme potencial de energia renovável nacional do Reino Unido e entregando o impulso econômico que isso trará”.

Fim da era do carvão?

Inicialmente, a usina de Ratcliffe, que pertence a empresa de energia alemã Uniper, seria fechada no final de 2022. Entretanto, tomou-se a decisão de mantê-la em funcionamento durante a crise do gás europeia, desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

“Para mim, Ratcliffe sempre foi mais do que apenas uma estação de energia – tem sido um pilar da segurança energética do Reino Unido por décadas”, salientou Michael Lewis, presidente-executivo da Uniper. “Construída durante uma época em que o carvão era a espinha dorsal do progresso industrial, Ratcliffe abasteceu mais de 2 milhões de casas e empresas – o equivalente a toda a região de East Midlands. Ela desempenhou um papel crucial no aumento do crescimento econômico e no suporte aos meios de subsistência de milhares de pessoas.”

E ele completou, então: “Esta será a primeira vez desde 1882 que o carvão não abastecerá a Grã-Bretanha. Ao fecharmos este capítulo, honramos o legado de Ratcliffe e as pessoas que trabalham aqui. Ao mesmo tempo em que abraçamos o futuro de uma energia mais limpa e flexível”.

Fonte: Um Só Planeta

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