Combate às mudanças climáticas é um dos temas prioritários para os membros das Nações Unidas, ao lado da promoção da paz, foco em desenvolvimento sustentável, acesso à tecnologia e respeito aos direitos humanos. Nos discursos dos chefes de Estado na Assembleia Geral da ONU, na semana passada, foi destacada a necessidade de mudanças em prol de uma economia mais inclusiva e justa.
Foi esse também o pensamento que permeou as discussões dos membros da ONU nos últimos 18 meses para escreverem o “Pacto para o Futuro”, documento de 56 páginas que prevê mudanças na Organização das Nações Unidas e prioridades para a promoção da cooperação multilateral. O texto final foi aprovado, então, no domingo (22).
Estamos aqui para devolver o multilateralismo. O mundo está carregando decisões difíceis, com os conflitos aumentando e se multiplicando”, comenta António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas em seu discurso neste domingo. Ele também citou as “enormes desigualdades” como “pesos que atrapalham o desenvolvimento”. “São [desafios] difíceis, complicados e perigosos.”
“Não temos uma só resposta. A crise climática destruiu vidas, comunidades e economia. Nós sabemos as consequências e as soluções. Elas passam pela eliminação gradual dos combustíveis fósseis. É um desafio global”, diz, citando na sequência também o uso de inteligência artificial e novas tecnologias. Ele também pontua que é necessário fazer uma mudança na arquitetura financeira mundial, que foi criada em uma “era distinta”, quanto os países em desenvolvimento eram colônias.
“A geopolítica tem transformado as relações de poder. Mas não temos que esperar as soluções perfeitas, mas sim fazer as ações possíveis agora”, destaca.
O pacto para o futuro é um impulso radical no rumo ao Acordo de Paris, permitindo uma transição justa, livre de combustíveis fósseis e futuro digno para todas as famílias e jovens. Tomar decisões a nível mundial e nacional, com setor privado, organizações locais, governo e outras entidades.
— António Guterres, secretário-geral da ONU.
O Pacto das Nações Unidas
O documento contém 56 ações focadas em moldar um futuro mais sustentável e justo. O acordo foi alcançado por consenso, apesar da resistência de sete países, incluindo a Rússia.
O pacto enfatiza, então, a implementação ambiciosa da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, destacando a erradicação da pobreza como um objetivo central.
Outras medidas incluem a eliminação da fome, a proteção de civis em conflitos armados, e a busca por soluções pacíficas para disputas internacionais. Dessa forma, a luta contra delitos transnacionais e a promoção de um mundo livre de armas nucleares também estão entre as prioridades.
Um aspecto relevante do documento é o compromisso com a reforma do Conselho de Segurança da ONU. A proposta é aumentar o, então, número de membros e melhorar a representação de países da América Latina, Ásia-Pacífico e África. Essa reforma é vista como uma questão prioritária, com um chamado para acelerar as negociações intergovernamentais.
Futuro
Além disso, o pacto reconhece a urgência de reformar a arquitetura financeira global para enfrentar as mudanças climáticas. Assim, os líderes expressaram preocupação com o progresso lento nas ações climáticas e a necessidade de apoio específico para países em desenvolvimento, que são os mais vulneráveis aos impactos climáticos.
Em seu discurso, Luiz Inácio Lula da Silva destacou a “falta de ousadia” da ONU, afirmando que muitos órgãos da organização carecem de autoridade e recursos para implementar suas decisões. Essa crítica reforça, então, a necessidade de um compromisso renovado por parte da comunidade internacional em enfrentar os desafios globais de maneira mais eficaz.
O Pacto para o Futuro representa um passo significativo para a cooperação global em busca de soluções para problemas críticos. Assim, refletindo um consenso crescente sobre a importância de uma abordagem colaborativa e inclusiva para garantir um futuro sustentável para todos.
Fonte: Naiara Bertão / Um Só Planeta
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